Início do conteúdo

16/09/2009

Livro recupera a história da arquitetura da saúde no Rio de Janeiro

Ricardo Valverde


Capital do Brasil por quase dois séculos (1763-1960), o Rio de Janeiro foi o palco por excelência em que o poder mostrou a sua face arquitetônica e obreira. Aqui foram construídas as grandes obras e edificações em diversos setores, entre eles o da saúde. Para recuperar essa trajetória, quatro historiadoras e um arquiteto da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) se uniram para produzir o livro História da saúde no Rio de Janeiro – instituições e patrimônio arquitetônico (1808-1958). A publicação, lançada pela Editora Fiocruz e que sai do prelo no momento em que a COC assume a coordenação regional da rede História e Patrimônio Cultural da Saúde, que reúne 11 países da América Latina e do Caribe, é um prazeroso passeio pelo Rio – uma cidade em que a arquitetura já esteve mais bem integrada à paisagem do que hoje.


 


No livro, que percorre um caminho que vem sendo trilhado por cada vez mais pesquisadores – o dos estudos sobre o patrimônio histórico e arquitetônico da saúde –, os autores apresentam instituições, tanto públicas quanto privadas, que em 150 anos tiveram importância na vida do carioca (e, porque não, do brasileiro), como hospitais, maternidades, clínicas, casas e postos de saúde, hospícios, leprosários, laboratórios, instituições de ensino e de pesquisa. É obra, portanto, que convida ao conhecimento histórico e, a partir daí, à preservação deste patrimônio – que, em alguns casos, corre o risco de desaparecer. Afinal, enquanto algumas edificações estão tombadas e outras se encontram em processo de tombamento, a maioria está desprotegida e até descaracterizada. E há até exemplos de instituições cujas sedes foram transferidas e mesmo demolidas.


Segundo uma das autoras, a historiadora Ângela Porto, a pesquisa das edificações permitiu conhecer mais a fundo a história da saúde, em especial as características e transformações pelas quais a assistência hospitalar passou, ao longo dos séculos 19 e 20. "A arquitetura das edificações reflete esse processo, na medida em que é reveladora do conhecimento médico do período e da relação que se estabelecia entre saúde e doença. Estilos arquitetônicos adotados na construção de hospitais deixam transparecer a concepção e a forma de tratamento de uma determinada enfermidade à sua época". De acordo com Ângela, "o modelo pavilhonar será substituído pelo monobloco, que reúne em um mesmo espaço doentes antes condenados ao isolamento. Medicina, ciência e sociedade relacionam-se, determinam as políticas de saúde e, portanto, a forma como se materializam", argumenta a historiadora.


Os autores – além de Ângela, Gisele Sanglard, Renato da Gama-Rosa Costa, Maria Rachel Fróes da Fonseca e Cristina Oliveira Fonseca – escolheram compreender o período que vai de 1808 a 1958 por serem anos significativos. O primeiro pela chegada da Corte portuguesa ao Rio. O segundo, 150 anos depois, por ter sido o momento em que foram concluídas as obras do Hospital da Lagoa, projeto de Oscar Niemeyer e Hélio Uchoa considerado referência para a arquitetura hospitalar moderna na cidade.


O livro tem cinco capítulos: Memória, história e patrimônio cultural da saúde: uma história possível, A saúde pública no Rio de Janeiro imperial, A Primeira República e a Constituição de uma rede hospitalar no Distrito Federal, Política e saúde: diretrizes nacionais e assistência médica no Distrito Federal no pós-1930 e Arquitetura e saúde no Rio de Janeiro. A edição traz também um CD, com versões em inglês e espanhol do conteúdo do livro e reúne verbetes sobre as instituições e edifícios pesquisados. Os verbetes contêm dados sobre história, localização, características, uso atual, arquitetura dos prédios e, quando existe, o registro de tombamento. Todos são completados por iconografia.


Serviço

Editora Fiocruz

(21) 3882-9039

172 p. R$ 55


Publicado em 15/9/2009.

Voltar ao topo Voltar