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14/03/2008

Livro recupera a trajetória de formação de sanitaristas na Fiocruz e na USP

Renata Moehlecke


O movimento político-institucional que culminou na organização do Sistema Único de Saúde (SUS) observado a partir das experiências de formação de sanitaristas da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz e da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP): esse foi o tema escolhido pela pesquisadora Tânia Celeste Matos Nunes para compor o livro Democracia no ensino e nas instituições: a face pedagógica do SUS, recém lançado pela editora Fiocruz. Segundo a autora, Ensp e FSP foram escolhidas como objetos de estudo devido ao caráter nacional dessas instituições e pela importância que desempenharam na formulação de projetos que ajudaram na concretização de uma nova identidade para a saúde pública brasileira.



Com base em uma extensa pesquisa bibliográfica e documental e em uma série de entrevistas, Tânia revisitou um momento em que a formação em saúde pública adquiriu um significado estratégico no Brasil. “As escolas de saúde pública e as suas produções relacionadas às políticas de saúde elaboraram um importante exercício de crítica que culminou em mudanças estruturais na organização não apenas dos serviços de saúde, mas, sobretudo, das bases democráticas de funcionamento dos serviços de atenção e da sociedade”, comenta em seu trabalho. “As diferentes estratégias das instituições escolares, portanto, envolveram o desenvolvimento de programas e de experiências concretas comprometidas com as mudanças políticas do regime em vigor”.


A autora organizou sua obra em três partes. A primeira tem como objetivo reconstruir historicamente o amplo processo de debates, ocorrido no país na segunda metade da década de 1980, que visava à constituição de um sistema de saúde de alcance universal. A seguinte pretende recuperar as principais teorias e fenômenos educativos discutidos na época e identificados durante a pesquisa. A última parte busca revelar como foi efetuada a reorganização das escolas, que ocorreu juntamente com os avanços das políticas de saúde até a criação e institucionalização do SUS, no ano de 1990.    


De acordo com Everardo Nunes, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a obra representa um resgate da história da saúde pública no Brasil, de documentos que contribuíram para a consolidação do ensino na área. Um dos méritos de Tânia seria trabalhar a trajetória histórico-conceitual de desenvolvimento de especialistas do campo, que teria suas origens vinculadas à formação de recursos humanos. “Ao trabalhar a educação de sanitaristas, a autora recupera, para as pesquisas sobre a formação de profissionais de saúde, um personagem que não tem sido objeto privilegiado de análise”, comenta o pesquisador, que assina a orelha do livro. “Embora esse livro não seja sobre o trabalho deste profissional, suas formações embasam possíveis projetos nessa direção”.


Serviço

Democracia no ensino e nas instituições: a face pedagógica do SUS 

Editora Fiocruz

178 p.

R$25

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