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14/09/2007

Livro sobre assédio moral e relações desumanas no trabalho será lançado na Bienal do Rio

Isis Breves


Você já se sentiu humilhado pelo seu chefe? Ou já presenciou alguma cena de agressão no seu ambiente de trabalho? Situações como essas são tratadas no livro Assédio moral – Relações desumanas nas organizações, que terá seu lançamento neste domingo (16/09), às 11h, na 13ª Bienal do Livro, no Riocentro, e é de autoria da administradora Daniela de Souza Ferreira, que hoje trabalha no Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec) da Fiocruz.


 Ilustração sobre assédio moral usada pela autora do livro em apresentações (Arte: Wagner Coelho)

Ilustração sobre assédio moral usada pela autora do livro em apresentações (Arte: Wagner Coelho)


“A pesquisa que deu origem ao livro teve início em 2003, quando escrevi um artigo sobre o tema para a revista Tendências do Trabalho. Na época eu trabalhava no setor de RH de uma empresa, onde presenciei esse tipo de agressão e também ouvia reclamações de funcionários. De 2004 para 2005 eu mesma vivenciei esta relação desumana durante nove meses com o meu ex-chefe. Logo após esse período de sofrimento saí da organização e vim para a Fiocruz. Em 2005 continuei pesquisando sobre o assunto para a monografia que precisava redigir para a conclusão do MBA em gestão de recursos humanos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e que gerou este livro”, explica Daniela.


Segundo o orientador de Daniela,o chefe do Serviço de Monitoramento de Custos do Ipec, Marcelino José Jorge, “a importância desse estudo para as reflexões sobre gestão vem do fato de que, no momento em que ele surgiu, o debate sobre a crise corporativa estava concentrado na busca de aperfeiçoamento da recompensa material que o dirigente recebe para a alavancagem dos negócios, sem dar igual importância ao desvirtuamento ocorrido na sua responsabilidade de aperfeiçoar as relações humanas do ambiente interno do trabalho como incentivo ao desenvolvimento da organização”.



Para a autora, atualmente nos ambientes de trabalho está havendo uma banalização do assédio moral. “O problema é que para fazer uma denúncia a legislação brasileira exige provas. E quem vai querer ser testemunha de um processo contra o chefe de assédio moral e colocar seu emprego em risco? Porém, as provas podem ser gravações, e-mails ofensivos trocados pelos funcionários e até mesmo o testemunho de médico do trabalho, psicólogo, psiquiatra ou assistente social. O indivíduo geralmente adoece por causa da pressão psicológica que passa no seu trabalho e em algum momento se tiver contato com algum desses profissionais servirá como prova todo o acompanhamento feito por um ou mais profissionais”, afirma Daniela.


O foco do livro está na relação descendente, ou seja, de superior para subordinado. “O diferencial é que procurei o psiquiatra e psicanalista que atuava no Ipec Belarmino Alves de Azevedo, que definiu o perfil do agressor, do assediador moral. Ele diferenciou as situações ditas como normais levadas pelo estresse do trabalho às situações de nível psicopatológico do assédio”, recorda a autora.


“O abuso de poder, a necessidade de um superior esmagar os outros para sentir-se seguro ou ainda ter a necessidade de demolir um indivíduo como bode expiatório são exemplos gritantes de assédio. Essa modalidade traz conseqüência para as organizações que as vivenciam, como a queda da produtividade do trabalhador, menor eficiência, imagem negativa da empresa perante os consumidores e o mercado de trabalho. Além da alteração na qualidade serviço/produto e baixo índice de criatividade. Muitas vezes, o profissional adoece, sofre acidentes de trabalho e contribui para a rotatividade de empregados, onerando custos para a empresa”, conclui a autora.


Característica do assédio moral nas organizações

· Repetição

· Intencionalidade

· Prolongamento (no mínimo duas vezes por semana durante pelo menos seis meses)


O agressor é perverso em todas as relações como pessoas. O aspecto mais marcante é a intencionalidade.


“Sintomas” do assédio

· Crises de choro

· Dores no corpo

· Insônia

· Tonturas

· Falta de apetite

· Falta de ar

· Uso de drogas

· Aumento ou redução de peso

· Depressão

· Sentimento de inutilidade

· Síndrome do pânico

· Diminuição da capacidade social

· Alteração de memória

· Idéias suicidas

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