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12/03/2009

Livro sobre Emmanuel Dias é lançado no Congresso de Medicina Tropical

Fabíola Tavares


O centenário da descoberta da doença de Chagas norteou duas atividades realizadas no primeiro dia de discussões do 45º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (Medtrop 2009), que está sendo realizado até a próxima quinta-feira (12/3), no Centro de Convenções de Pernambuco. Foi lançado o livro Dr. Emmanuel Dias 1908-1962, organizado pelo pesquisador da Fiocruz Minas João Carlos Dias. No mesmo dia, também foi promovida a mesa-redonda Origem e evolução das infecções parasitárias: a doença de Chagas, que contou com a presença do presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, como moderador.



A obra sobre Dias, que era afilhado de Chagas e também trabalhou para a Fundação, tem 344 páginas nas quais estão relatadas sua trajetória científica, suas publicações e parceiros de trabalhos, depoimentos de amigos e memórias da vida em família. O livro também contém um álbum fotográfico e a tese Estudos sobre Schizotrypanum cruzi.


Para João Carlos Dias, a importância do trabalho de seu pai está dividida em três fases. Primeiro ele foi protozologista, descrevendo a morfologia, a ecologia e os hábitos do Trypanosoma cruzi, parasito causador da doença. Em seguida identificou com o médico Francisco Laranjeira os traços definitivos da doença, o que permitiu a patologia ser reconhecida em todo o mundo. Por último descreveu o combate ao barbeiro, agente transmissor da Chagas.


Gadelha, também presente ao lançamento do livro, destacou Emmanuel Dias como um dos pioneiros no enfrentamento da doença de Chagas. “Ele avaliou tanto o significado da enfermidade como suas formas de controle. Por meio de suas experiências, conseguiu demonstrar que uma vez fazendo-se a desinfestação de casas onde tinha a presença do barbeiro, acompanhando a evolução, as crianças não adquiriam a doença”, afirmou.


A mesa-redonda Origem e evolução das infecções parasitárias: a doença de Chagas contou com a presença de quatro palestrantes e a mediação do presidente da Fiocruz. Luiz Fernando Ferreira falou da paleoparasitologia, ciência que estuda os parasitos existentes entre nossos ancestrais, permitindo a detecção das raízes de diferentes infecções e as rotas de dispersão destes agentes entre povos e ambientes, entre outras questões. De acordo com ele, o pesquisador Marc Ruffer foi o primeiro a identificar o verme Schistosoma haematobium nos rins de múmias egípcias, um dos agentes causadores da esquistossomose.


 O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, assiste à apresentação de Ana Jansen (Foto: Fabíola Tavares)

O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, assiste à apresentação de Ana Jansen (Foto: Fabíola Tavares)


Adauto Araújo falou da doença de Chagas antes da descoberta. De acordo com ele, a hipótese clássica da chegada da infecção chagásica em humanos relata que a doença surgiu na região andina quando os povos pré-históricos tornaram-se sedentários e começaram a criar pequenos roedores como alimentos e para rituais. A presença de casas de barros e dos animais atraiu o vetor. A dispersão da doença teria se dado depois da chegada dos colonizadores europeus e dos africanos. As palestras seguintes foram de Jane Costa, que abordou os vetores da Trypanosoma cruzi (parasita) no Brasil antes da introdução de Triatoma infestans (agente vetor), e de Ana Jansen, que falou da origem e evolução do Tryipanosoma cruzi.


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Publicado em 10/3/2009.

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