25/01/2010
O reconhecimento da ampla geração de emprego, renda e inovação tecnológica obtida com o Complexo Industrial da Saúde pontuou na sexta-feira (22/1) a participação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na inauguração da nova unidade farmacêutica do Laboratório Cristália, em Itapira (SP). Com entusiasmo o presidente da República lembrou entre os operários dessa indústria, fabricante de genéricos do coquetel utilizado no tratamento de pacientes com o vírus HIV, entre outros medicamentos, que a previsão é de contratação de mais de 300 trabalhadores com a nova unidade. Além do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, estiveram presentes à solenidade os ministros das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, e o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha.
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A formulação do genérico brasileiro do Efavirenz foi um marco na história das parcerias público-privadas no setor de medicamentos, reunindo Cristália, Globequímica, Nortec, Lafepe e Fiocruz |
O setor da saúde responde hoje por 8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, movimenta a cada ano R$ 160 bilhões e emprega 10% da população brasileira ativa. Iniciativas como a do Laboratório Cristália, com 117 pedidos de patentes já registrados – e 15 efetivamente obtidos – propiciam a consolidação do complexo industrial da saúde. Isso ocorre devido às parcerias público-privadas, incentivadas pelo Ministério da Saúde, por meio das quais empresas farmacêuticas se associam a laboratórios oficiais – do governo federal e dos governos estaduais –, e produzem medicamentos a mais baixo custo.
“O Laboratório Cristália registra em média dois pedidos de patentes por ano. Sabe por que isso é tão importante? Porque a inovação no setor da saúde pode representar, por exemplo, a cura tão esperada para uma doença”, afirmou o presidente Lula. “Se a gente não acreditar e não investir mais do que estamos investindo na inovação, o Brasil vai ficar para trás em relação a outros países”.
Com a ampliação, o Laboratório Cristália estima quadruplicar a produção em até quatro anos. A previsão é de que aumente a fabricação do Tenofovir, medicamento utilizado por pacientes com aids e, mais recentemente, também aqueles com hepatite B. O investimento da empresa na nova unidade farmacêutica é de R$ 160 milhões, com a qual o Laboratório Cristália passa a produzir 257 milhões de comprimidos de diversos medicamentos por mês.
“A saúde é a única política pública que tem uma dualidade extremamente importante – e que às vezes passa despercebida. Tem o caráter social e, ao mesmo tempo, possibilita o crescimento econômico do país”, disse o ministro Temporão. “Durante muito tempo, esse outro lado da saúde ficou largado”.
Efavirenz
O incentivo do governo brasileiro à produção nacional de medicamentos tomou fôlego em 2007. Naquele ano foi decretado o licenciamento compulsório do Efavirenz, uma decisão que levou em consideração sobretudo a segurança dos pacientes com o vírus HIV, que o utilizam, e o equilíbrio econômico e financeiro do programa de combate e prevenção à Aids. Hoje, o Brasil é reconhecido mundialmente por esse programa.
O Laboratório Cristália se inseriu nesse contexto, de ampliação da indústria farmacêutica nacional, formando com as empresas privadas Globequímica (SP) e Nortec (RJ) o consórcio responsável pela fabricação do princípio ativo do genérico do Efavirenz. A formulação do genérico brasileiro desse medicamento foi um marco na história das parcerias público-privadas, já que os laboratórios oficiais Farmanguinhos (da Fiocruz), e Lafepe (Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco) desenvolveram a tecnologia e a produção final do medicamento. O início da fabricação do genérico do Efavirenz no Brasil foi em fevereiro de 2009. Na solenidade de inauguração da nova unidade do Cristália, Temporão enfatizou que as parcerias público-privadas já assinadas em novembro passado envolvem a fabricação de mais 14 fármacos.
Desde o licenciamento compulsório e o início da produção do genérico do Efavirenz no Brasil, o Ministério da Saúde economizou R$ 154,7 milhões. O Brasil costumava pagar US$ 1,56 por comprimido e conseguiu comprar o genérico de uma empresa indiana por US$ 0,44. Em 2009, foram economizados mais R$ 164,22 milhões na compra de nove medicamentos. O valor final desses fármacos foi, ao todo, 25% menor em relação à última aquisição. Essas são aquisições com as quais são fornecidos pelo Sistema Único de Saúde medicamentos à população.
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Publicado em 25/1/2010.