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20/02/2006

Médico equatoriano dá aula inaugural da Escola Politécnica de Saúde

Fernanda Buarque de Hollanda


Um dos pioneiros na implantação de escolas politécnicas de saúde na América Latina, ex-representante da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) na Nicarágua e em Cuba e companheiro do sanitarista Sergio Arouca na luta histórica pela formação técnica de trabalhadores do setor em países latino-americanos. Assim pode ser descrito, de forma sucinta, o currículo do médico equatoriano Miguel Márquez, que visita a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), uma unidade da Fiocruz, nos dias 7 a 9 de fevereiro.


Entre as principais atividades previstas para a visita estão a aula inaugural Promoção da saúde: novos cenários para a formação e exercício profissional dos técnicos de saúde, que Márquez, professor da Universidade de Havana, onde mora atualmente, ministrou nesta quarta-feira, no auditório da EPSJV. Direcionada principalmente aos alunos dos cursos técnicos de nível médio em saúde, a aula integrou a programação que abrange, além da visita a instalações e a setores da instituição, entrevistas para diversos projetos da Escola..


Para o periódico científico Trabalho, Educação e Saúde, o médico falará sobre o tema Os projetos da reforma sanitária do século 20: a experiência cubana. Já a equipe da revista da Rede de Escolas Técnicas do Sistema Único de Saúde (RET-SUS) vai entrevistar Márquez sobre assuntos relacionados à experiência da politecnia e às reformas no campo da saúde e da educação, das quais participou em sua trajetória como representante da Opas, e seus reflexos na atualidade.


A visita culminará com a entrevista para o Projeto Memória dos 20 anos da EPSJV. "É um projeto riquíssimo porque não relata apenas a história da EPSJV. Na verdade, os 20 anos do Politécnico são utilizados para investigar, discutir, criticar e analisar, na lógica dos historiadores e estudiosos do ensino técnico, o que aconteceu na educação profissional em saúde ao longo destas duas décadas", explica o diretor da Escola Politécnica da Fiocruz, André Malhão.


As memórias dos 20 anos da EPSJV serão transformadas em livro e já inspiraram a exposição Politécnico da Saúde: uma conquista da democracia, inaugurada na comemoração do vigésimo aniversário da Escola e que esteve em cartaz no segundo semestre de 2005.


Não só a experiência da implantação da politecnia na América Latina justifica o interesse dos profissionais da EPSJV pelos relatos de Márquez. A relação entre o médico equatoriano e o Politécnico da Fiocruz está ligada às origens da concepção do projeto de politecnia, quando, na década de 1970, Arouca, que foi presidente da Fiocruz entre os anos de 1985 e 1988, esteve em Washington para participar de um seminário de promoção de líderes de instituições de ensino na área de saúde, promovido pela Opas.


Um dos organizadores do seminário, o atual coordenador da Assessoria de Cooperação Internacional da Fiocruz, José Roberto Ferreira, trabalhou diretamente com Márquez na Opas ao longo de 28 anos, quando foi diretor de Desenvolvimento de Recursos Humanos. Segundo Ferreira, este evento foi um fator de influência na decisão da implantação da EPSJV por Arouca, quando assumiu a presidência da Fiocruz, e na dedicação de Márquez na luta para a formação de técnicos de qualidade em Cuba e na Nicarágua.


Para ele, a visita do médico equatoriano deverá ser bastante proveitosa. "Ele terá a oportunidade de comentar sobre a revolução histórica deste processo, podendo dar mais detalhes e tecer comentários sobre os obstáculos e dificuldades, além de opinar sobre a possibilidade de avanços e desenvolvimentos que poderão vir a existir em nosso Politécnico", acredita.


 

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