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24/01/2008

Múltiplas aplicações

Catarina Chagas e Fernanda Marques


As promessas da proteômica se estendem ainda à área de vacinas, contribuindo para seu aperfeiçoamento e métodos de controle de qualidade. A Fiocruz, depois de concluir, em 2006, o seqüenciamento do genoma do bacilo BCG Moreau RDJ – cepa utilizada na fabricação da vacina contra tuberculose no Brasil –, partiu para o estudo proteômico do imunizante. O objetivo é conhecer mais detalhadamente a vacina brasileira.


“Estamos produzindo os mapas das proteínas do BCG, tanto as secretadas como as da superfície do bacilo, o que nos permitirá identificar moléculas que sirvam de marcadores para o controle de qualidade dos lotes e possibilitem métodos de avaliação mais rápidos e baratos”, justifica a farmacêutica Leila Mendonça Lima, coordenadora do Laboratório de Genômica Funcional e Bioinformática do IOC. “Outra meta é identificar as proteínas mais importantes para a capacidade de a vacina oferecer proteção contra a doença. A partir delas, poderemos elaborar, por meio da engenharia genética, vacinas BCG mais eficientes”.


Assim como a tuberculose, a hanseníase constitui objeto de preocupação para a saúde pública brasileira. No entanto, não conta ainda com uma vacina, o que dificulta atividades de prevenção. Segundo pesquisadores do Laboratório de Microbiologia Celular do IOC, o desenvolvimento de um imunizante contra a hanseníase é mais uma das possibilidades abertas pela proteômica.


Concluído em 2001 pelo Instituto Pasteur, na França, a descrição do genoma da Mycobacterium leprae, causadora da doença, abriu novas perspectivas para o estudo deste microrganismo ao revelar algumas de suas peculiaridades, como o número reduzido de genes em relação à bactéria ancestral que o originou. “Provavelmente, um processo de seleção natural eliminou parte do genoma da bactéria, preservando apenas os genes essenciais à sua sobrevivência”, afirma a bioquímica Maria Cristina Vidal Pessolani, coordenadora do projeto. “Usamos a proteômica, então, para identificar as proteínas que de fato são expressas in vivo pela bactéria durante o curso da infecção”.


Tais proteínas podem ser a chave para uma vacina inédita e métodos de diagnóstico precoce. Detectar a infecção em fase inicial torna possível começar o tratamento antes do agravamento das lesões neurais e interromper a transmissão da doença.

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