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30/10/2007

Maior acervo de produção audiovisual sobre a Amazônia virá para o Brasil

Edna Padrão


O maior acervo de filmes sobre a Amazônia brasileira, resultado de 50 anos de produções dirigidas pelo cineasta britânico Adrian Cowell para a Televisão Central de Londres e para a rede de televisão inglesa BBC, chegará ao Brasil no início de 2008. Fruto de um convênio entre a Casa de Oswaldo Cruz (COC) da Fiocruz e a Universidade Católica de Goiás (UCG), os filmes de Cowell, cuja autoria divide com o cinegrafista Vicente Rios, serão catalogados e transportados ao país pelo projeto Histórias da Amazônia - 50 Anos de Memória Audiovisual, patrocinado pela Petrobras.


 O cinegrafista Vicente Rios em filmagem na Amazônia (Fotos: Acervo Cowell)

O cinegrafista Vicente Rios em filmagem na Amazônia (Fotos: Acervo Cowell)


O acervo será doado ao Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia (IGPA), que integra a UCG, instituição co-produtora dos filmes de Cowell. Para isso, a pesquisadora da COC Stela Penido viajou para Londres na segunda-feira (23/10), a fim de iniciar a primeira e mais importante etapa do projeto, que é a transferência do acervo para o Brasil.


São cerca de 16 toneladas de latas de filmes 16 mm, fitas de áudio, documentos, diários de campo e fitas de vídeo mini DV contendo, em sua maior parte, material inédito, não editado, relativo às grandes questões da história da Amazônia dos últimos 50 anos, como a implantação do Parque Indígena do Xingu; o primeiro contato de Cowell com as tribos indígenas Panará e Uru Eu Wau Wau; o projeto Polonoroeste; a hidrelétrica de Tucuruí; questões de mineração; pesquisas científicas feitas pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) sobre as questões climáticas; registros da luta do ambientalista e seringueiro Chico Mendes, entre outros. O projeto também prevê a realização de mostras de filmes e seminários em Goiânia, Brasília e Rio de Janeiro para a divulgação do acervo.


 A vinda do acervo permitirá o acesso a um material histórico de valor inestimável sobre questões ambientais

A vinda do acervo permitirá o acesso a um material histórico de valor inestimável sobre questões ambientais


A COC e a Sociedade de Promoção da Casa de Oswaldo Cruz (SPCOC) foram convidadas para atuar como parceiras técnicas e proponentes do trabalho devido à comprovada experiência no desenvolvimento e coordenação de projetos culturais. Profissionais da COC, com atuação tanto na área de arquivo e documentação fílmica quanto na produção de filmes e vídeos documentários, trabalharão na organização dos filmes que compõem o acervo do diretor inglês, de maneira que estes possam ser disponibilizados para pesquisa por meio de uma base de dados.


Aprovado e apoiado pelo Ministério da Cultura, o projeto conta ainda com apoio institucional do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama. Prevê também a realização de outras ações futuras, como telecinagem do material bruto, produções educativas, acesso a esses registros inéditos por professores e pesquisadores; pesquisas sobre a vida e obra do diretor Adrian Cowell, sua visão sobre a questão das minorias; e sua relação com personalidades brasileiras ligadas à política socioambiental para a Amazônia.


Documentarista premiado, Cowell veio pela primeira vez ao Brasil em uma expedição das universidades de Oxford e Cambridge. Aprendeu a falar português no Xingu com o cacique Raoni, quando ambos estavam na faixa dos 20 anos de idade. Ainda hoje, aos 73 anos, continua documentando a história da região amazônica.


Para os profissionais da COC envolvidos no projeto, a vinda para o Brasil do acervo de Cowell possibilitará o acesso a um material histórico de valor inestimável sobre as questões ambientais e o processo de ocupação da Amazônia nos últimos 50 anos. Cópias dos filmes de Cowell telecinados enriquecerão o acervo da Casa e deverão ser disponibilizados ao público em 2008.

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