Início do conteúdo

22/06/2009

Mais segurança para o tratamento da leishmaniose cutânea na América Latina

Isis Breves


O farmacêutico Luiz Filipe de Oliveira está desenvolvendo, como projeto de mestrado no Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz), um trabalho que visa analisar os estudos publicados sobre a incidência de reações adversas ao tratamento recomendado para a leishmaniose cutânea no país. O trabalho foi recentemente contemplado no Programa Bolsa Nota 10 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) - uma iniciativa de premiação dos melhores alunos dos programas de pós-graduação do Estado do Rio que têm conceitos 5, 6 ou 7 na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).  


 O inseto <EM>Lutzomyia</EM>, vetor da leishmaniose (Foto: Genilton Vieira/IOC/Fiocruz)

O inseto Lutzomyia, vetor da leishmaniose (Foto: Genilton Vieira/IOC/Fiocruz)


"No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda para o tratamento da doença o uso do medicamento antimoniato de N-metilglucamina, que, assim como outros medicamentos, pode causar eventos adversos devido à sua toxicidade. Para estudar a segurança desta medicação, ou seja, avaliar a tolerância à droga quanto à sua freqüência e intensidade (dosagem), estamos elaborando uma revisão sistemática a partir de dez bases de dados de revistas científicas", conta Luiz Filipe. As estratégias de busca contaram com a colaboração da bibliotecária Maria de Fátima Martins, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). Foram selecionados 164 artigos publicados e eles estão sendo analisados para extrair informações sobre a segurança do tratamento em toda a America Latina.


Segundo o infectologista Armando Schubach, orientador de Luiz Filipe e pesquisador responsável pelo Laboratório de Vigilância em Leishmaniose do Ipec, “este trabalho é uma importante ferramenta, pois irá classificar os eventos adversos relatados, sintetizando as principais informações sobre a segurança do tratamento da leishmaniose cutânea e possibilitando a consolidação de uma base teórica para a discussão e o direcionamento de um ensaio clínico terapêutico”.



Nessa revisão, resultados preliminares das fontes pesquisadas apontam que os eventos adversos mais relatados foram artralgias, mialgias, náuseas e vômitos, dor no local da aplicação das injeções, elevação de enzimas hepáticas e pancreáticas, alteração da função renal e alterações eletrocardiográficas. “Os trabalhos usados como fontes de dados incluem ensaios clínicos, séries de casos e relatos de caso”, explica o epidemiologista Carlos Augusto Ferreira de Andrade, pesquisador do Ipec e também orientador de Luiz Filipe.



O mestrando e seus orientadores elaboraram uma ficha de extração de dados por artigo para organizar e padronizar o material coletado. Dados da publicação, tipo de estudo, descrição da intervenção, participantes, dados do diagnóstico, análise estatística, avaliação da qualidade, dados sobre a segurança, dados sobre a eficácia e referências cruzadas são os tópicos que constituem a ficha. Essa metodologia fornecerá informações que poderão minimizar as incertezas e as controvérsias dos resultados, contribuindo para a determinação de quais são as drogas mais eficazes e para o estabelecimento de um tratamento mais efetivo.


"Podemos realizar uma análise de ajuste de dose de acordo com a resposta ao tratamento diante das evidências relatadas nos estudos publicados", exemplifica Luiz Filipe. "Após a análise dos dados relacionados a eventos adversos, seremos capazes de determinar quais drogas são mais seguras ao tratamento da doença”, conclui o mestrando.


Publicado em 22/6/2009. 

Voltar ao topo Voltar