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08/11/2016

'Manguinhos revelado' expõe fotos inéditas de acervo da Fiocruz

COC/Fiocruz


O desenvolvimento das atividades científicas na saúde pública do Brasil, as origens da Fiocruz na antiga Fazenda de Manguinhos e a evolução urbana do Rio de Janeiro – com grandes mudanças em sua paisagem – nos anos de 1903 a 1946 são resgatados na exposição Manguinhos revelado: um lugar de ciência. Concebida pela Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), unidade e centro de memória da Fundação, a mostra conduz o público à verdadeira jornada histórica em quatro módulos que reúnem fotografias, filmes e objetos museológicos. Os registros fotográficos são assinados por J. Pinto (contratado pelo próprio Oswaldo Cruz) e pertencem ao conjunto de negativos de vidro – composto por cerca de 8 mil itens digitalizados – do Arquivo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), reconhecido pelo Programa Memória do Mundo da Unesco como Patrimônio Documental da Humanidade desde 2012.

Imagem da exposição mostra a presença feminina nos cursos promovidos pelo Instituto Oswaldo Cruz. Laboratório de Física e Química para o Curso de Aplicação do Instituto Oswaldo Cruz. Primeiro pavimento do Pavilhão Mourisco (1930-1940).

 

Com cerca de 120 fotos, a exposição é inédita e oportunidade única para o público conhecer parte desse grande acervo, considerado um repositório singular da memória visual da saúde pública nacional, tanto pelo valor histórico-documental quanto pelo valor artístico. Representa ainda uma referência da técnica e estética fotográficas aplicadas à saúde e à ciência. A inauguração da mostra será no próximo dia 10 de novembro, às 18h, na Galeria Jenny Dreyfus do Museu Histórico Nacional, no Centro (próximo à Praça XV).

Manguinhos revelado: um lugar de ciência é uma realização da Folguedo, tem gestão cultural da Sociedade de Promoção da Casa de Oswaldo Cruz (SPCOC) e patrocínio da Prefeitura do Rio Janeiro, por meio da secretaria municipal de Cultura, e da Fiotec.

O módulo de abertura Manguinhos e a cidade do Rio de Janeiro joga luz em aspecto muito importante: a capacidade de a cidade reinventar-se. A região de Manguinhos, ainda pouco habitada, era ideal para a fabricação de soros e vacinas em 1900; iniciava-se a trajetória de uma das maiores instituições de saúde da América Latina. Na ocasião, o acesso a Manguinhos era possível apenas por barcos – que atolavam devido aos mangues da região (daí o nome do bairro) – e pela Estrada de Ferro Leopoldina. O curso do século 20 seria marcado por período de grandes intervenções e alterações no panorama da região, muito em função da necessidade de sanear e urbanizar os subúrbios do Rio de Janeiro.

Demonstração publicada em manual de abertura de ovo e retirada de embrião para preparo da vacina anti-amarílica, produzida pelo Serviço Nacional de Febre Amarela em Manguinhos (foto: Silvio Cunha, 1943)

 

O segundo módulo Cotidiano de Manguinhos passeia pelas origens da instituição que se consolidou no tripé pesquisa, ensino e produção de imunobiológicos. As fotografias registraram a visita de personalidades do mundo científico (Albert Einstein esteve em Manguinhos em 1925) e político ajudando a consolidar o prestígio que já desfrutava.

No terceiro módulo Manguinhos e os sertões do Brasil, o público confere as expedições dos cientistas do IOC ao interior do Brasil. As viagens significaram um marco para a pesquisa científica e para o conhecimento do Brasil, associando o ideal civilizatório à proposta de integração dos sertões ao restante do país. As incursões no início do século 20 estavam relacionadas às atividades econômicas da época, como a construção de ferrovias, o saneamento de portos e a extração da borracha na Amazônia. As expedições promoveram pesquisas médicas, de higiene e de história natural e ampliaram a atuação do Instituto Oswaldo Cruz no território nacional.

O último módulo Negativos de Vidro: suportes de memória aborda a importância dos registros fotográficos do IOC. Além de atenderem às exigências do trabalho científico, diziam respeito à constituição da memória do Instituto. Seja pela qualidade dos produtos utilizados em sua confecção, seja pela estabilidade conferida, os negativos de vidro são considerados, até hoje, o suporte fotográfico que melhor conserva as informações e menos sofre deterioração com o tempo. A digitalização do acervo gera cópias fiéis e que exigem menos tratamento, características que lhes conferem capacidade de longa permanência, convertendo-os em preciosos suportes de memória.

Serviço

Exposição Manguinhos revelado: um lugar de ciência
Inauguração: 10 de novembro
Horário: 18h
Período: 11 de novembro de 2016 a 29 de janeiro de 2017
Visitação: terça a sexta-feira, das 10h às 17h30; aos sábados, domingos e feriados das 14h às 18h.
Local: Museu Histórico Nacional - Galeria Jenny Dreyfus
Endereço: Praça Marechal Âncora s/n.º - Centro – RJ
Informações: (21) 3299-0324 

Curadoria

Aline Lopes de Lacerda: historiadora e pesquisadora do Departamento de Arquivo e Documentação da COC/Fiocruz especializada no tratamento arquivístico de documentos fotográficos de valor permanente.

Nezi Heverton Campos de Oliveira: graduado em Comunicação Social com habilitação em Cinema pela USP, com mestrado em Comunicação (Estudos dos Meios e da Produção Midiática) pela Escola de Comunicações e Artes da USP.

Pedro Paulo Soares: historiador e mestre em História Social pela UFRJ, possui experiência de curadoria de exposições histórico científicas. É coordenador do Serviço de Museologia do Museu da Vida (COC/Fiocruz).

Renato Gama-Rosa: arquiteto e urbanista, é pesquisador do Departamento de Patrimônio Histórico da COC/Fiocruz.

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