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24/01/2008

Mapas protéicos

Catarina Chagas e Fernanda Marques


Um dos projetos de proteômica que fazem parte do PDTIS é desenvolvido no Laboratório de Pesquisas em Leishmanioses do IOC. Gerenciado pela pesquisadora Elisa Cupolillo e executado pela microbiologista Patrícia Cuervo, o trabalho resultou na publicação do primeiro mapa protéico do protozoário Leishmania braziliensis. Agora, as pesquisadoras comparam os mapas protéicos de diferentes cepas do parasito, isoladas de pacientes com distintas formas clínicas de leishmaniose cutânea. O principal objetivo é identificar proteínas que, diferencialmente expressas pelas cepas, podem estar associadas à severidade das manifestações clínicas da doença.


 Patrícia Cuervo e equipe obtiveram o primeiro mapa protéico de <EM>L. braziliensis</EM>

Patrícia Cuervo e equipe obtiveram o primeiro mapa protéico de L. braziliensis


A aplicação dessa tecnologia foi necessária porque pesquisas anteriores com o genoma não conseguiram detectar diferenças entre as cepas de L. braziliensis isoladas de pacientes com distintas formas clínicas. Dessa forma, a explicação para as diferentes manifestações da leishmaniose poderia estar no fato de que os protozoários expressam diferentes proteínas, com papéis específicos na progressão da doença.


Embora a investigação de proteínas seja uma velha conhecida dos bioquímicos – que, tradicionalmente, identificavam uma única proteína por vez –, com as novas tecnologias de proteômica, como a eletroforese bidimensional e a espectrometria de massas, tornou-se possível identificar e quantificar centenas de proteínas ao mesmo tempo, com grande sensibilidade. Foram essas tecnologias que possibilitaram a construção dos mapas protéicos das diferentes cepas de L. braziliensis.


A comparação desses mapas permitiu que as pesquisadoras identificassem algumas proteínas cuja expressão difere qualitativa e quantitativamente entre as cepas associadas às distintas formas da doença. “Há tempos, procuram-se marcadores biológicos, do parasito ou do paciente, que indiquem a forma provável de evolução da leishmaniose. Essas proteínas diferencialmente expressas poderiam se tornar marcadores para prognóstico da enfermidade”, diz Patrícia.


O mesmo grupo de cientistas já demonstrou que as cepas de L. braziliensis isoladas de pacientes com distintas manifestações clínicas expressam diferencialmente algumas importantes enzimas, conhecidas como metaloproteases. Com as novas tecnologias proteômicas, a equipe tem conseguido estudar um universo muito maior de proteínas. “Mas a identificação de proteínas de leishmania não é uma tarefa fácil dado que, logo que sintetizadas, as proteínas podem sofrer modificações na sua estrutura”, pondera Patrícia, que se especializou na interpretação manual de espectros de massa no Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia de Havana, em Cuba.

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