19/04/2007
Leishmaniose, dengue, HIV, doença de Chagas e HTLV são alguns dos temas abordados na última edição da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, mais antiga publicação da América Latina na área. Foram publicados 21 artigos, reunindo pesquisadores de países como Turquia, Inglaterra, Argentina e Espanha, além de instituições de pesquisa de praticamente todo o país.
O dengue é tema de dois artigos publicados por pesquisadores brasileiros. Um deles, desenvolvido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos), duas unidades da Fiocruz, avalia a evolução da infecção pelos sorotipos 1, 2 e 3 do vírus do dengue em primatas não-humanos. O segundo artigo, resultado de uma parceria entre virologistas do IOC e pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), descreve um modelo experimental animal para o estudo de aspectos morfológicos da infecção: camundongos BALB/c. A conclusão é resultado de análises histopatológicas e ultra-estruturais dos pulmões de camundongos BALB/c infectados experimentalmente pelo vírus tipo 2 do dengue que indicaram a permissividade do hospedeiro à replicação do vírus. Também voltado para a produção de conhecimento na área de modelos experimentais, um artigo publicado pelas universidades federais de Minas Gerais e de Ouro Preto indica cães da raça beagle para o estudo de mecanismos imunopatogênicos envolvidos na infecção chagásica.
Os efeitos do própolis sobre o parasito Leishmania amazonensis foram investigados por pesquisadores do Instituto de Biologia da Unicamp e do Programa de Pós-graduação em Farmácia da Universidade Bandeirante de São Paulo. Os resultados do estudo mostram, pela primeira vez, que extratos etanólicos de própolis reduzem a infecção de L. amazonensis em macrófagos. Já o fluconazol foi objeto de estudo de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Gazi, na Turquia. O medicamento é um antifúngico utilizado no tratamento de micoses sistêmicas, como a candidíase e a meningite por Cryptococcus.
Na área da entomologia, um artigo por pesquisadores do IOC, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), da Universidade Federal de Viçosa e do Instituto Evandro Chagas faz uma revisão sobre a distribuição geográfica do flebotomíneo Lutzomyia whitmani, vetor da leishmaniose cutânea, em diferentes regiões do país, com o objetivo de relacionar os dados produzidos às taxas locais de infecção.
A epidemiologia molecular dos vírus HIV-1 e HTLV-1 foi alvo de estudo desenvolvido pelo Laboratório Avançado de Saúde Pública do Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz (CPqGM), em parceria com a Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e o Departamento de Zoologia da Universidade de Oxford, na Inglaterra, que aplicou ferramentas da bioinformática para re-mapear características moleculares dos vírus circulantes no Brasil. De acordo com o artigo, as informações genéticas publicadas sobre as amostras virais são essenciais para o desenvolvimento de tratamentos e estratégias de saúde pública e também para o de vacinas.
Duas espécies novas para a ciência são descritas nesta edição: um flebotomíneo do gênero Lutzomyia e um protozoário parasito do gênero Theileria, por pesquisadores da Universidade do Espírito Santo e do Instituto Evandro Chagas, respectivamente. O conteúdo integral das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz está disponível aqui.