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14/08/2008

Meninos de escolas particulares estão entre as principais vítimas da obesidade

Fernanda Marques


O excesso de peso é, hoje, um problema mais freqüente do que o déficit de crescimento entre crianças. A obesidade e o sobrepeso atingem, principalmente, alunos de escolas particulares e, entre estes, os do sexo masculino. Pelo menos, é o que concluiu um estudo realizado na área do município de Pelotas (RS). Os resultados da pesquisa, que avaliou cerca de 20 mil alunos de 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental das escolas locais, foram publicados recentemente na revista Cadernos de Saúde Pública, periódico da Fiocruz.


 "A oferta de alimentos ricos em gorduras e de refrigerantes é maior nas classes de maior renda, o que talvez explique a maior prevalência de excesso de peso nas escolas particulares”, diz o artigo (Foto: Wordpress)

"A oferta de alimentos ricos em gorduras e de refrigerantes é maior nas classes de maior renda, o que talvez explique a maior prevalência de excesso de peso nas escolas particulares”, diz o artigo (Foto: Wordpress)


O artigo mostra que, enquanto o déficit de crescimento afetava 3,5% do total de estudantes, o sobrepeso e a obesidade acometiam 29,8% e 9,1%, respectivamente. Entre meninos e meninas, verificou-se que, quanto menor a idade, menor o risco de déficit de crescimento e maior o risco de excesso de peso. Observou-se também que, para ambos os sexos, o déficit do crescimento representava um risco, especialmente, para crianças com escolaridade inadequada, isto é, com 8 anos ou mais na 1ª série, 9 anos ou mais na 2ª série, 10 anos ou mais na 3ª série e 11 anos ou mais na 4ª série.


O tipo de escola também esteve associado ao perfil nutricional das crianças. “A prevalência de déficit do crescimento linear foi quase três vezes superior entre alunos das escolas públicas em relação àqueles de escolas particulares”, dizem os pesquisadores no artigo. “As escolas particulares, por sua vez, apresentaram prevalências de obesidade e sobrepeso maiores do que as das escolas públicas”, completam.


No caso dos meninos, os que estudavam em escolas particulares tinham uma chance 50% maior de apresentar sobrepeso e obesidade, se comparados aos alunos de escolas públicas. Este risco aumentado de excesso de peso, contudo, não foi verificado para meninas matriculadas em escolas particulares.


Embora com ressalvas, os autores do estudo – vinculados à Universidade Federal de Pelotas – sugerem a existência de uma relação entre o tipo de escola freqüentada pela criança e a situação socioeconômica de sua família. Assim, alunos de escolas particulares pertenceriam a extratos socioeconômicos mais altos. “A disponibilidade de alimentos ricos em gorduras e de refrigerantes é maior nas classes de maior renda, o que talvez possa explicar, em parte, a maior prevalência de excesso de peso em alunos de escolas particulares”, afirmam no artigo. “Entretanto, a menor prevalência de obesidade entre as meninas com melhores condições econômicas, possivelmente, decorre da pressão exercida pelo padrão cultural vigente de beleza feminina”, argumentam.


Publicado em 12/08/2008.

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