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14/08/2009

Ministério da Saúde vai lançar, na internet, a Plataforma Arouca, para abrigar currículos dos profissionais do SUS

Edmilson Silva


O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse nesta sexta-feira (14/8) que, a partir de outubro, começará o cadastro do programa de qualificação e trajetória profissional, a Plataforma Arouca, uma página na internet da qual constará, a exemplo da Plataforma Lattes, os currículos dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS). “Será o currículo Arouca”, disse o ministro. Ele antecipou também que vai propor à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) a criação do Prêmio Sergio Arouca de Saúde para as Américas, direcionado aos profissionais que se destacarem na área de saúde coletiva nos países da América Latina. As duas iniciativas foram anunciadas por Temporão como homenagens ao sanitarista Sergio Arouca, durante o lançamento do livro Arouca, meu irmão – uma trajetória a favor da saúde coletiva, no auditório da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz).


 

 Temporão e Gadelha lembraram de velhas e divertidas histórias na homenagem ao amigo comum Arouca<BR><br />
(Foto: Peter Ilicciev)

Temporão e Gadelha lembraram de velhas e divertidas histórias na homenagem ao amigo comum Arouca

(Foto: Peter Ilicciev)


“Não há mais porque o trabalhador da área da saúde ter que ficar recorrendo àquele monte de papel, na hora em que precisa de uma informação relativa à sua trajetória profissional: com a Plataforma Arouca, basta atualizar o currículo, à medida que for concluindo os cursos, como fazemos com a Plataforma Lattes. Dessa forma, qualquer um cliente do SUS poderá saber por quem está sendo tratado”, disse Temporão. Segundo o ministro, a Plataforma Arouca também servirá para tornar Arouca ainda mais conhecido


Depois de dizer que tinha ficado emocionado com a execução, pelo Coral Fiocruz, de uma das músicas de que Arouca gostava, Romaria (Renato Teixeira e Vitor Ramil), na abertura do encontro, Temporão sugeriu que, a exemplo das óperas criadas para Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, fosse feita e lançada uma seleção com as “canções de qualidade”  preferidas pelo sanitarista. Seleta a que Temporão sugeriu nomear de Arouquianas, à maneira das Bachianas, do maestro Villa Lobos.


Depois do Coral Fiocruz, foi apresentado um vídeo com alguns dos depoimentos colhidos durante a tomada de depoimentos que serviram de base para a elaboração do livro coordenado por Guilherme Franco Netto e Regina Abreu. Coral e vídeo ajudaram a reforçar o clima de rememoração bem-humorada que caracterizou a solenidade do lançamento da obra, financiada pela Secretaria de Insumos Estratégicos e Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde. O livro é fruto do programa Memória Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UniRio) e apoiado pela Fiocruz, por meio do Fiotec.


No vídeo, Temporão lembra um dos episódios da melhor safra do ex-presidente: a vez em que ele, outros conhecidos e Arouca estavam em Genebra, no hall da Organização Mundial de Saúde (OMS), durante um inverno, após uma reunião. “Arouca disse que estava sentindo muito frio e que iria pra casa. Pegou o casaco, um daqueles sobretudos, e saiu, foi  pegar o ônibus, como era costume dele. Daqui a pouco, aparece uma mulher procurando o casaco dela, que estava apoiado em uma cadeira ali perto. Um sobretudo francês, evasè...”, concluiu, acompanhado pelas gargalhadas da plateia.


O ministro disse que todos os dias conversa com Arouca. “Mesmo nos dias mais tranquilos, à noite, converso com ele. Pode parecer maluquice, mas isto é a mais pura verdade”, contou. “E nos dias mais complicados, antes de entrar em algum espaço de conflito, penso sempre no Arouca”, disse. “Esse Arouca que habita em nós veio para ficar, já está em nosso DNA de sanitarista. Arouca é sobretudo uma presença e a Fiocruz tem o DNA dele: nunca teve medo da inteligência, sempre gostou dos desafios da participação. Ele costumava dizer que sem três miligramas de loucura, nós vamos a lugar nenhum”, lembrou a também sanitarista Lúcia Souto, a última mulher do sanitarista.


O presidente da Fundação, Paulo Gadelha, contou as circunstâncias que envolveram a criação da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), unidade responsável pelos estudos relativos à memória da saúde pública no Brasil: “Foi em mesas de bar, à base de muita bagaceira e depois de densas discussões, que se resolveu criar a COC. E a ata foi registrada em um guardanapo de papel pelo Arlindo [Fábio Gómez de Souza]. Eu acho que não há coisa mais séria do que uma ata registrada lavrada em um guardanapo em uma mesa de bar”, disse Gadelha. Depois de citar o pensador Ítalo Calvino, sobre a importância da leveza, Gadelha disse que esperava “estar  à altura do Arouca no recompromisso de conquistar um melhor futuro para todos nós”.


Lançamento do livro



Livro recupera momentos cruciais do ativista e sanitarista que ajudou a criar o SUS


Publicado em 14/8/2009.

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