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27/05/2013

Ministro da Saúde da Alemanha debate a renovação de parcerias com a Fundação

Danielle Monteiro


O ministro da Saúde da Alemanha, Daniel Bahr, esteve na Fiocruz na sexta-feira (24/5) para debater com gestores da instituição a renovação de algumas parcerias além de possibilidades de desenvolvimento de novas cooperações. Acompanhado por representantes do parlamento federal alemão, da área de política europeia e internacional da saúde e do mercado da saúde, Bahr afirmou que a cooperação vai contribuir para o combate a doenças infectocontagiosas nos dois países, um problema que, segundo ele, tem sido vivenciado mais intensamente por todo o mundo, devido ao processo de globalização. “A Fiocruz é uma instituição de renome na Alemanha e nosso interesse com a Fundação seria o trabalho em conjunto entre pesquisadores brasileiros e alemães nas mesmas questões. Além disso, gostaríamos de oferecer bolsas pra pesquisadores alemães no Brasil ou vice-versa, facilitando assim o trabalho entre a Fiocruz e instituições alemãs”, afirmou.

                        Daniel Bahr: a Fiocruz é uma instituição de renome na Alemanha
 

O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, que na ocasião fez uma breve apresentação sobre as atividades desenvolvidas pela Fundação e as diretrizes seguidas pela instituição no campo de cooperação internacional, sugeriu a ampliação de parcerias no âmbito do programa Ciência Sem Fronteiras e no setor industrial e de inovação, e de assistência farmacêutica. “Uma ideia seria analisarmos juntos como essas redes farmacêuticas são estabelecidas no Brasil e na Alemanha para propormos novas ideias e soluções na área”, disse Gadelha.

Bahr também anunciou que a cooperação da Sociedade para a Cooperação Internacional (GIZ, na sigla em alemão) no projeto de combate à Aids na América Latina e Caribe já foi concluído e propôs a extensão dessa parceria com a Fundação. “O Brasil exerceu um papel fundamental neste projeto e muitos problemas referentes a esta doença foram resolvidos, porém, outros países ainda precisam de apoio nisso, e uma cooperação entre nós e a Fiocruz poderia ajudá-los nesta questão”, argumentou.

O coordenador do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), Paulo Buss, sugeriu a ampliação das relações entre a Fundação e institutos de saúde alemães, por meio da elaboração de projetos conjuntos de pesquisa e da concessão de bolsas de estudo de pós-doutorado a pesquisadores dos dois países. “Falamos muito em formar esse tipo de parceria, mas ainda fazemos pouco para concretizar isso”, disse.

Ele também propôs a participação da Alemanha na Rede de Institutos Nacionais de Saúde (Rins), que tem a Fiocruz entre seus participantes e envolve institutos dos países membros da Unasur (União de Nações Sul-Americanas) e da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). “Até o momento, além de países da América Latina e da CPLP, só participam da rede países americanos. A entrada da Alemanha nessa rede seria marcante para nós, o ministério da saúde alemão poderia estar presente já na próxima reunião da Rins, isso seria muito importante”, sugeriu. Para Bahr, a possibilidade de cooperar na Rins também é bem vista pela Alemanha. “Temos muito interesse em participar dessa cooperação sul-sul com financiamento do Ministério da Cooperação e Desenvolvimento”, afirmou.

Outra possível cooperação sugerida foi no campo de zoologia (doenças transmitidas por animais domésticos). “O Brasil é um grande produtor de gado e isso, associado a obras com desvio de rios, entre outras questões, tem tido forte impacto no meio ambiente, aumentando as chances de surgimento de doenças transmitidas por animais. Acho que esse campo deveria ser um dos pontos focais de futuras cooperações com a Alemanha”, sugeriu a vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Claude Pirmez. Além do campo de doenças transmissíveis, de acordo com Bahr, outras áreas que requerem parcerias e são preocupantes na Alemanha são os campos de desenvolvimento de antibióticos e higiene hospitalar. Possibilidades de parcerias na área de marcos regulatórios, junto à Anvisa, para o aprimoramento do setor no Brasil, também foram discutidas.

Para Buss, a visita do ministro à Fundação revelou oportunidades de cooperação que têm grandes chances de serem materializadas. “O ministro mostrou que percebe como é importante cooperar com o Brasil, que tem a Fiocruz como instituição de enorme experiência nessas áreas debatidas no encontro. Identificamos nessa reunião tanto parcerias já existentes quanto outras áreas de cooperação que, em outros tempos, seriam impensáveis, como o campo de doenças transmissíveis”, concluiu. Mais adiante, a Fiocruz e o Ministério da Saúde alemão vão definir quem serão membros de cada país responsáveis em dar os próximos passos para a concretização das ideias propostas no encontro.

Daniel Bahr é economista e tem MBA em gerenciamento internacional de hospitais e cuidados com a saúde. Atuou no setor financeiro e, em 2002, foi eleito para o parlamento alemão. Exerce o cargo de Ministro da Saúde da Alemanha desde maio de 2011.

Cooperação Fiocruz – Alemanha

Há décadas a Fiocruz desenvolve ações de cooperação com a Alemanha. Uma das mais recentes parcerias com o país europeu foi firmada em 2011, no caso, com o Bernhard Nocht Instituto de Medicina Tropical (BNTIM), uma fundação pública - financiada conjuntamente pelo Governo da República Federal da Alemanha, o Governo da Cidade Livre e Hanseática de Hamburgo e outros governos estaduais alemães - dedicado à investigação, formação e serviços para o controle de doenças tropicais e infecções emergentes. O memorando de entendimento prevê a troca de material acadêmico, colaboração em pesquisa e publicações, organização conjunta de conferências, seminários e outros encontros acadêmicos, desenvolvimento de cursos e programas acadêmicos e intercâmbio de estudantes e pesquisadores pertencentes aos quadros institucionais.

A Fundação também tem cooperação tripartite com o país europeu em conjunto com o Uruguai com vistas ao fortalecimento do Sistema Nacional Integrado de Saúde do país sul-americano em localidades com menos de 5 mil habitantes. Para alcançar esse objetivo, a parceria é baseada em quatro eixos estratégicos: fortalecer a criação da Escola de Governo em Saúde uruguaia, aprimorar a formação dos integrantes da equipe de vigilância sanitária do país e fortalecer seus serviços de saúde rurais, por meio da formação dos profissionais de saúde e dos técnicos de saúde em gestão da atenção básica.

Em abril, uma comissão científica liderada por representantes do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (Daad, na sigla original) visitou o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) para identificar ao longo dos próximos meses oportunidades de parcerias no âmbito do programa Ciência Sem Fronteiras. O Daad é o parceiro alemão do programa Ciência Sem Fronteiras e, até 2015, pretende enviar 10 mil brasileiros à Alemanha com o auxílio de bolsas de graduação, doutorado e pós-doutorado.

A Fundação também tem parceria com a Alemanha no campo de produção de medicamentos. Por meio de transferência de tecnologia feita pela companhia farmacêutica Boehringer Ingelheim, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) vai iniciar a distribuição do dicloridrato de pramipexol genérico, medicamento usado no tratamento da doença de Parkinson. A iniciativa vai beneficiar cerca de 20 mil pessoas que sofrem com a doença e permitirá uma economia de R$ 90 milhões aos cofres públicos durante os cinco anos do acordo de transferência tecnológica.

Cooperação Científica-Tecnológica Brasil – Alemanha

A cooperação entre o Brasil e a Alemanha existe há mais de 40 anos e é baseada no Acordo-Quadro sobre Cooperação Científica e Tecnológica. Além da área de saúde, as parcerias são estabelecidas nos campos de pesquisa ambiental e marinha, bio e nanotecnologia, tecnologia de informação e produção e aeronáutica. O Brasil é um dos principais parceiros da Alemanha principalmente nas áreas de ciência, tecnologia e inovação. Entre os dois países existem cerca de 230 cooperações de institutos de ensino superior, com mais de 2 mil brasileiros estudando atualmente em universidades alemãs. Além disso, diversas entidades de ciência dos dois países trabalham em conjunto. Existem 1,2 mil empresas alemãs em solo nacional que desempenham importante papel na transferência de tecnologia. O mês de maio de 2013 marca a abertura do ano Alemanha + Brasil 2013-2014, que, sob o lema ‘Quando ideias se encontram’, vai estimular os dois países a  fortalecer os laços criados ao longo de quase dois séculos e a estabelecer novas parcerias científicas, culturais e econômicas.

 

 

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