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06/08/2009

Ministro e governador inauguram unidade da Fiocruz e planta de biotecnologia no PR

Ricardo Valverde


O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e o governador do Paraná, Roberto Requião, inauguraram nesta terça-feira (4/8) o Instituto Carlos Chagas (ICC), a nova unidade da Fiocruz em Curitiba, e também a Planta de Insumos para Diagnósticos em Saúde – uma moderna área industrial de biotecnologia, com 2 mil metros quadrados. Na solenidade, Temporão anunciou a liberação, pelo Ministério da Saúde (MS), de R$ 123 milhões para a construção de 30 Unidades de Pronto Atendimento (UPA) no Paraná – sendo 15 este ano e outras 15 em 2010. O ministro também disse que o MS vai aumentar em R$ 2 milhões o repasse mensal para a Secretaria estadual de Saúde empregar em ações contra a influenza A (H1N1), durante três meses, e enviar R$ 600 mil que deverão ser utilizados na compra de equipamentos de segurança para profissionais de saúde. Em relação à gripe A (H1N1), o ministro disse que não existe flexibilização do protocolo, que é baseado em evidências científicas de instituições internacionais. “Se os estudos apresentarem mudanças, o MS vai se adequar, mas isso não ocorreu”, disse Temporão, lembrando que o fato de o Brasil ter ficado 80 dias sem circulação livre do vírus foi uma vitória do sistema de vigilância sanitária, que salvou vidas.


 O ministro Temporão discursa durante a inauguração do Instituto Carlos Chagas (ICC) e da Planta de Insumos para Diagnósticos em Saúde, no Paraná (Fotos: Itamar Crispim/ICC) 

O ministro Temporão discursa durante a inauguração do Instituto Carlos Chagas (ICC) e da Planta de Insumos para Diagnósticos em Saúde, no Paraná (Fotos: Itamar Crispim/ICC) 


Temporão, que abriu sua participação dizendo que é professor da Fiocruz há 29 anos, afirmou que a inauguração do ICC está inserida no projeto de descentralização da Fundação, com a abertura de unidades em estados como Mato Grosso do Sul, Ceará, Piauí, Rondônia e Rio Grande do Sul nos próximos anos. Ele disse que este foi mais um passo rumo à diminuição da dependência tecnológica nacional e de reforço do sistema de saúde. “Este é um momento importante para o Complexo Produtivo da Saúde no país, que precisa investir cada vez mais em produtos que atendam às demandas do SUS e da população brasileira”. O ministro afirmou ainda que o Brasil tem um alto índice de publicação em revistas científicas, mas patenteia muito pouco as suas descobertas e inovações. “Uma pesquisa recente mostrou que 90% dos formados na área de ciência e tecnologia em saúde vão trabalhar em ensino e pesquisa, enquanto apenas 10% vão desenvolver produtos para a indústria. Temos muito o que fazer no campo do desenvolvimento tecnológico, para enfrentarmos as doenças negligenciadas em nosso país”.


 A nova planta, segundo Temporão, é um passo rumo à diminuição da dependência tecnológica nacional e reforço para o sistema de saúde 

A nova planta, segundo Temporão, é um passo rumo à diminuição da dependência tecnológica nacional e reforço para o sistema de saúde 


A vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Claude Pirmez, representou na solenidade o presidente da Fundação, Paulo Gadelha. Ela disse que a inauguração do ICC, no ano em que se comemora o centenário da descoberta da doença de Chagas, é um marco para a instituição. “Estamos aqui no Paraná para compartilhar inteligências e desenvolver tecnologias de fronteira para o SUS. A Planta de Insumos para Diagnósticos em Saúde, que nasce de uma parceria que reúne o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), a Hemobrás, o ICC e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz), concretiza um sonho e abre perspectivas inovadoras para a ciência”.


Bastante emocionado, o diretor do ICC, Samuel Goldemberg, recordou o surgimento do projeto em 2001, quando apenas sete pesquisadores, em parceria com o governo do Paraná, deram início ao que agora se tornou o Instituto Carlos Chagas. “A Fiocruz é uma instituição singular, que reúne ensino, ciência, saúde, tecnologia e serviços. E encontrou solo fértil para germinar no Paraná”, disse Goldemberg, que celebrou a política de investimentos em tecnologia mantida pelo governo federal.


 O diretor Goldenberg: "A Fiocruz encontrou solo fértil para germinar no Paraná" 

 O diretor Goldenberg: "A Fiocruz encontrou solo fértil para germinar no Paraná" 


Ao encerrar a solenidade, o governador Roberto Requião parabenizou a chegada da Fiocruz ao estado e fez uma contundente defesa da política de investimentos públicos do governo federal e do seu próprio governo. “Deixamos para trás aquela visão neoliberal que direcionava apenas para a iniciativa privada as pesquisas e os investimentos nesse setor. Uma visão que dava margem unicamente à geração de lucros pelos laboratórios. Agindo assim, os neoliberais cantavam as glórias da ganância”. Para Requião, a inauguração do ICC é fruto de uma visão não de mercado, mas de nação. “A nação tem história, território, memória, população, solidariedade, processo civilizatório. Já o mercado é lucro e ganância”. O governador disse que, em sua administração, os fundos estaduais e federais para ciência e tecnologia foram investidos no setor público. “Isso fez com que o Paraná tenha o maior número de universidades públicas estaduais e seja o único estado que investe 30% de seu orçamento em educação”, afirmou Requião, acrescentando que até 2010 vai inaugurar 40 hospitais.


Temporão: não há motivo para pânico


Após a solenidade, o ministro Temporão voltou a dizer que não há motivos para alarme em relação à gripe A (H1N1). “No ano passado, cerca de 4,5 mil pessoas morreram, nos três estados da Região Sul, vítimas da gripe comum. É claro que lamentamos profundamente as mortes, qualquer morte, mas os dados que temos no momento mostram que a letalidade da nova gripe é parecida com a gripe comum. Esse vírus pode sofrer mutação? Pode. Pode se atenuar? Pode. Não sabemos o que vai acontecer. O que sabemos é que, no momento, pelos dados que temos e pelo monitoramento que o Ministério faz, não há motivos para pânico e alarme”, comentou Temporão, lembrando que apenas pessoas com sintomas como tosse contínua e febre alta repentina devem procurar os postos de saúde, em especial crianças pequenas, grávidas e pacientes com diabetes, câncer, hipertensão e Aids.


Temporão assegurou que não vai faltar medicamento – fosfato de oseltamivir – contra a gripe A (H1N1). O MS dispõe de 100 mil tratamentos contra o vírus e vai receber, nos dois próximos meses, mais 1 milhão deles. Sobre a questão da prescrição indiscriminada do medicamento, Temporão reafirmou que isso pode gerar efeitos colaterais, aumentar a resistência do vírus e também levar à falta do produto. “O sistema está funcionando. Temos 68 hospitais de referência e 2 mil leitos. O sistema público de saúde apresenta dificuldades, mas está funcionando”.


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Publicado em 04/08/2009. 

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