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06/02/2015

Mobilização nacional contra a dengue e a chikungunya


O Ministério da Saúde (MS) promove, neste sábado (7/2), em todo o país, o DIA D de Combate à dengue e à chikungunya. O objetivo é chamar atenção para as duas doenças, transmitidas pelo mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti, e incentivar a população a reforçar medidas de prevenção, que envolvem a eliminação de possíveis focos do inseto.

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, reforça que todos os brasileiros devem participar dessa grande mobilização. “Vamos todos estar juntos neste sábado participando de uma grande mobilização nacional de combate ao mosquito transmissor. Seja um exemplo para a sua comunidade. Chame seu vizinho, seus amigos, sua família e mostre para eles que na sua casa todos já fazem parte dessa grande corrente de prevenção", destacou.

Para aumentar a vigilância, prevenção e controle de chikungunya e dengue, o MS repassou em janeiro mais R$ 150 milhões a todos os estados e municípios. Para o Dia D de mobilização, o Ministério convocou estados e municípios para mutirões de limpeza urbana e atividades de alerta aos profissionais de saúde para o diagnóstico correto das doenças.

A Fiocruz tem contribuído com estudos e ações de combate para ambas as doenças. Como o monitoramento e a prevenção são ferramentas indispensáveis para o controle da dengue, a Fundação e a Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EMAp) lançaram, no início de 2015, um sistema em que é possível acompanhar em tempo real a situação da dengue no município do Rio de Janeiro – indicando as regiões mais afetadas da cidade. Integrando informações sobre o risco de transmissão e as formas de combate, o Info Dengue utiliza o conceito 10 Minutos Contra a Dengue, desenvolvido por pesquisadores e profissionais de comunicação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), para incentivar a prevenção da doença.

A unidade da Fundação também lançou, em 2013, o projeto de videoaulas 'Aedes aegypti – Introdução aos Aspectos Científicos do Vetor'. Pensado para ajudar a população a conhecer um pouco mais sobre o mosquito, a doença e seus impactos, a iniciativa apresenta, de forma simples e objetiva, informações capazes de contribuir também na rotina de diversos públicos, como professores, estudantes e profissionais de comunicação, tornando-os verdadeiros multiplicadores de conhecimento e colaborando para a prevenção da doença.

Ainda reforçando o combate ao vetor, em setembro de 2014, a Fundação deu início a uma importante etapa do projeto Eliminar a Dengue: Desafio Brasil. Já realizada com sucesso na Austrália, Vietnã e Indonésia, a fase de estudos de campo conta com a liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia. O projeto tem o apoio do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), do Centro de Pesquisas René Rachou (Fiocruz/Minas) e do Programa de Computação Científica (PROCC/Fiocruz). O primeiro local a participar é o bairro de Tubiacanga, na Ilha do Governador, cidade do Rio de Janeiro, estudado pela equipe do projeto desde 2012. Esta é a primeira vez que um país nas Américas recebe o estudo.

As pesquisas sobre o vetor na Fundação também envolvem suas prováveis origens. Erradicado no fim da década de 1950, o mosquito Aedes aegypti pode ter sido reintroduzido no Brasil não apenas uma, mas duas vezes; seguindo caminhos diferentes em cada uma delas. Essa foi conclusão de um estudo feito por pesquisadores do IOC/Fiocruz em parceria com a Universidade de Yale, nos Estados Unidos, publicado em dezembro de 2014 na revista científica Plos Neglected Tropical Diseases. Analisando a genética das populações do mosquito da dengue no país, os cientistas observaram que os insetos encontrados entre o Nordeste e o Sudeste parecem ser oriundos do Caribe. Já aqueles do Norte seriam originários de outra parte das Américas, na região compreendida entre a Venezuela e o sudeste dos Estados Unidos.

Fiocruz e chegada da chikungunya no Brasil

Descoberto há 50 anos, o arbovírus Chikungunya tem circulado pelos continentes africano, asiático, europeu, chegando recentemente à América Central e América do Sul. Em julho de 2014, o pesquisador do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazonas), Felipe Naveca, alertou para a sua chegada ao Brasil e os impactos prováveis. Após sofrer mutação, a transmissão do vírus tornou-se mais fácil, principalmente, através dos mosquitos Aedes aegypti e pelo Aedes albopictus, os mesmos vetores da dengue.

Segundo Naveca, no Brasil, os casos notificados foram “importados”, ou seja, as pessoas infectaram-se nos países onde o vírus circula e adoeceram quando voltaram para o Brasil. Os casos recentes foram de seis militares brasileiros que estiveram no Haiti e ao retornarem desenvolveram os sintomas, sendo diagnosticados pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.

Outro estudo coordenado pelo IOC/Fiocruz, em parceria com o Instituto Pasteur, revelou que mosquitos de dez países das Américas são altamente capazes de transmitir a febre do chikungunya. Após causar epidemias na Ásia, África, Europa e Caribe, o vírus chikungunya tem grande possibilidade de se espalhar pelo Brasil e por outros países das Américas. A pesquisa, publicada no Journal of Virology, revela que em cidades populosas como o Rio de Janeiro, onde há grande infestação de mosquitos Aedes aegypti, um dos vetores da doença, o risco de disseminação é muito alto.

Com relação ao monitoramento da doença, também em julho de 2014, o Laboratório de Flavivírus do IOC/Fiocruz, referência regional para dengue e febre amarela, foi designado pelo Ministério da Saúde para fazer também o diagnóstico laboratorial de casos suspeitos de febre chikungunya no Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia. A chefe do laboratório, Rita Nogueira, explica que o vírus tem capacidade de se disseminar rapidamente. Por isso, a detecção precoce dos casos é fundamental para conter o avanço da doença.

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