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12/03/2006

Morre Guilherme Rodrigues da Silva, ícone do movimento sanitário

Sarita Coelho


Morreu na madrugada deste sábado (11/03), aos 78 anos, o médico sanitarista Guilherme Rodrigues da Silva, vítima de aneurisma na região do abdômen. Professor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, aposentado em 1998, ele teve várias funções no departamento de medicina da instituição. Foi superintendente do Hospital das Clínicas de São Paulo. Mas sua atuação de maior destaque foi nos bastidores do movimento sanitário. O médico fez parte do grupo que deu origem às discussões do processo de produção do conhecimento teórico na área de saúde e sociedade.

Entre as décadas de 60 e 70, a atuação deste grupo deu origem à chamada medicina preventiva no Brasil. Silva era considerado um "guru" daquela época, porque tinha uma posição crítica e avançada em relação a essa área da medicina, além de possuir grande competência também no campo epidemiológico, especialmente no estudo da doença de Chagas.


Nascido em Mucugê, na Bahia, ele fez concurso (e passou) para a Universidade de São Paulo em 1967. Escapou por pouco de ser cassado pelo regime militar na época, mas viu muitos companheiros serem presos. Participou da reação contra a ditadura com apoio do movimento estudantil, que era bastante forte na época. Foi nessa época conturbada que o médico conheceu outro sanitarista, Sergio Arouca, com quem teve a oportunidade de compartilhar vários eventos. Participou da banca de doutorado de Arouca, cuja tese, O dilema preventivista, costuma ser lembrada como marco simbólico do início da medicina social no Brasil.


Também atuou como professor-adjunto de higiene e medicina preventiva na Universidade Federal da Bahia, fez estudos sobre a doença de Chagas em comunidades urbanas de Salvador e recebeu diversos prêmios. Entre eles, medalha da Organização Mundial da Saúde por relevantes serviços, em 1992; a medalha Oswaldo Cruz, dada pela Fiocruz em 2000; e a medalha comemorativa do centenário da Organização Pan-Americana de Saúde em 2002. Deixou cinco filhas.




 

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