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16/01/2008

Mortalidade relacionada à cisticercose cai em SP, mas ainda requer mais atenção

Fernanda Marques


Estudo publicado em dezembro na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz avaliou a mortalidade relacionada à cisticercose, causada pelas larvas do parasita Taenia solium. O médico Augusto Hasiak Santo, da Universidade de São Paulo (USP), identificou 1.570 mortes relacionadas à doença entre 1985 e 2004 no Estado de São Paulo. A cisticercose foi a causa básica do óbito em 72% dessas mortes e causa associada em 28%. O pesquisador verificou uma diminuição acentuada da mortalidade por cisticercose como causa básica no período estudado. Contudo, o mesmo declínio não foi observado na taxa de mortes em que a infecção se apresentou como causa associada.


 

 Imagem do parasita <EM>Taenia solium</EM> (Foto: Universidade da Califórnia)

Imagem do parasita Taenia solium (Foto: Universidade da Califórnia)


"Essa doença parasitária tem sido negligenciada pelas iniciativas de saúde pública e intervenções específicas não têm sido implementadas para reduzi-la", diz Hasiak no artigo. Ao comer carne de porco crua ou mal cozida o homem pode ingerir a forma larvária da T. solium, que se transforma em verme adulto e causa infecção no intestino. O homem passa, então, a eliminar nas fezes os ovos do parasito. Estes, caso ingeridos, devido a mãos sujas levadas à boca ou ao consumo de alimentos contaminados, podem cair na circulação sangüínea e se alojar em qualquer parte do corpo, como nos músculos, no sistema nervoso central e no globo ocular, originando a cisticercose. Pode ocorrer também uma auto-infecção, quando os ovos provêm do verme adulto que está parasitando o próprio indivíduo.


"A cisticercose do sistema nervoso central é a mais importante doença neurológica de origem parasitária em humanos e está atualmente espalhada pelo mundo, sendo um dos principais problemas de saúde nos países em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina", afirma Hasiak no artigo. Na pesquisa, o médico utilizou dados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) de São Paulo e do Departamento de Informática do SUS (Datasus). O trabalho mostrou que, no período estudado, os municípios que concentraram o maior número de mortes relacionadas à cisticercose foram São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto, Santo André e Guarulhos.


Nos registros em que a cisticercose aparecia como causa associada, na maioria das vezes, a Aids foi a causa básica. O estudo revelou, ainda, um aumento da idade mediana em que faleciam os indivíduos com cisticercose: entre 1985-1990 e 2001-2004, ela subiu de 41 para 47 anos, quando a doença era a causa básica da morte, e de 46 para 60 anos, quando a infecção era uma das causas associadas ao óbito. De acordo com o artigo, o fato de os pacientes falecerem em idade mais avançada, assim como o declínio da taxa de mortalidade por cisticercose, pode ser reflexo de uma assistência de saúde mais efetiva, o que inclui diagnóstico precoce, medicação e, se necessário, tratamento cirúrgico.

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