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20/05/2008

Na OMS

Fernanda Marques


O primeiro convite para que Hermann Schatzmayr integrasse um grupo assessor da Organização Mundial da Saúde (OMS) veio no início dos anos 80. O grupo tinha como tema as diarréias virais. “Nessas reuniões anuais da OMS, você não representa o seu país. Você fala por você mesmo. Eu levava a minha experiência, ouvia a dos colegas e trazia para o Ministério da Saúde as recomendações internacionais”, explica.


Hermann participou das reuniões sobre diarréias virais durante alguns anos. Depois, foi indicado para o grupo da OMS de hepatites virais. “Tínhamos a meta de obter uma vacina cuja dose custasse um dólar. Na época, o preço variava entre 25 e 30 dólares”, afirma. “Fazíamos reuniões com representantes da indústria, elaborávamos documentos com recomendações a respeito de laboratórios, tecnologias etc. O grupo se desfez quando atingiu seu objetivo – a nova vacina não era mais produzida a partir de soro de paciente, mas por biologia molecular”.


Encerrado o trabalho no grupo de hepatites virais, Hermann se envolveu em outra ação da OMS, a Children Vaccine Initiative (CVI), que visava estimular a vacinação pediátrica em todo o mundo. O virologista trabalhou na CVI de 1990 a 1995, participando de reuniões em vários países do mundo. Paralelamente, em 1992, começou a atuar no grupo de discussão sobre a varíola na OMS.


Esse grupo se formou em torno da pergunta: destruir ou não o vírus da varíola? “Aqui na Fiocruz, eu destruí as amostras, na companhia de duas testemunhas”, diz Hermann. Esse procedimento foi repetido em todos os lugares do mundo, exceto em dois laboratórios dos Estados Unidos e da Rússia, que se recusaram a destruir o vírus. O grupo da OMS fez, então, uma proposta diplomática. “Estipulamos as regras para que aqueles laboratórios pudessem trabalhar com o vírus da varíola”, explica o virologista, que, a partir dessa experiência, passou a se interessar mais pelo tema da biossegurança.


Passados dois anos, Hermann recebeu um novo convite da OMS: integrar o grupo que acompanharia os projetos de pesquisa com o vírus da varíola. “O laboratório americano e o russo pediram autorização para pesquisas, alegando que elas eram necessárias para se conhecer mais o vírus, melhorar a vacina e desenvolver novas drogas, que seriam fundamentais em um eventual ataque bioterrorista”, comenta Hermann. No comitê da OMS, ficou decidido o que cada laboratório faria e se estabeleceu o ano de 2011 como prazo final para a conclusão dos projetos: depois, todas as amostras terão que ser destruídas. “Enquanto isso não ocorre, todos os anos nos reunimos com a responsabilidade de analisar e acompanhar os resultados das pesquisas”, conta.

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