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11/08/2010

Nem caminhada nem bicicleta: jovens não se exercitam no trajeto para a escola

Fernanda Marques


Jovens que caminham ou vão de bicicleta para a escola são cada vez menos comuns. A atividade física no deslocamento para o colégio tem sido amplamente substituída pelo uso de ônibus, carros ou motos. É o que comprova um estudo realizado com mais de 4 mil adolescentes, com idades entre 14 e 19 anos, matriculados na rede pública estadual de Ensino Médio de Pernambuco. A pesquisa, que envolveu 76 escolas de 44 municípios, revelou que 43% dos jovens são fisicamente inativos nos deslocamentos para o colégio – percentual elevado em comparação ao obtido em estudos desenvolvidos em outros estados, como Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraíba. Publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, o trabalho é assinado por pesquisadores da Universidade de Pernambuco e da Universidade Federal da Paraíba.


 Os pesquisadores apontam que o incentivo à caminhada ou ao uso da bicicleta no trajeto para o colégio pode ajudar a reverter a situação e aumentar os níveis de atividade física na população jovem

Os pesquisadores apontam que o incentivo à caminhada ou ao uso da bicicleta no trajeto para o colégio pode ajudar a reverter a situação e aumentar os níveis de atividade física na população jovem


Os autores classificaram como fisicamente inativos os adolescentes que não caminhavam nem pedalavam, assim como aqueles que, embora se exercitassem no trajeto para a escola, gastavam menos de 20 minutos no itinerário de ida e volta. A partir das respostas dos jovens a questionários, os pesquisadores também identificaram que a inatividade física nos deslocamentos está associada a fatores demográficos e socioeconômicos.


Em relação ao sexo, os rapazes se mostraram mais inativos do que as moças. Jovens de pele branca, alunos de escolas de pequeno porte e cujas mães têm maior escolaridade também apresentaram maior inatividade, assim como os moradores da zona rural. “A elevada proporção de estudantes fisicamente inativos na área rural pode ser explicada pelo fato de que o acesso à escola, em muitos municípios do interior do estado, é mais limitado, em virtude da distância da residência até a escola. Além disso, essa área tem poucas escolas, tendo os alunos que se deslocarem com transportes motorizados para área urbana”, destacam os autores no artigo. “A distância para escola tem sido identificada como uma barreira para o deslocamento ativo e é um forte preditor do modo de transporte para escola, com longas distâncias associadas à baixa prevalência de deslocamento ativo”, acrescentam.


A inatividade física no deslocamento para a escola soma-se ao crescente sedentarismo que acomete os adolescentes em todas as esferas do cotidiano. Nesse sentido, os pesquisadores apontam que o incentivo à caminhada ou ao uso da bicicleta no trajeto para o colégio pode ajudar a reverter a situação e aumentar os níveis de atividade física na população jovem. Ainda de acordo com os autores, essa mudança de hábito, com a adoção de um deslocamento fisicamente ativo para a escola, poderia trazer importantes benefícios para a saúde dos alunos, inclusive o aumento da aptidão cardiorrespiratória, a prevenção do sobrepeso e da obesidade, e a redução do risco de problemas cardiovasculares, como o derrame.


“Particularmente para os adolescentes que residem na área rural, é necessário o desenvolvimento de ações que estimulem o deslocamento ativo para escola, como a criação de trilhas ecológicas para caminhada e rotas seguras para deslocamento usando bicicletas”, recomendam os pesquisadores. Para ler a íntegra do artigo científico, clique aqui.


Publicado em 10/8/2010.

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