07/05/2019
“O diabetes mellitus (DM) é uma doença onerosa, de ocorrência frequente e incidência crescente em todo o mundo e, de acordo com cálculos estimados para 2015 pela Internacional Diabetes Federation (IDF), a sua prevalência foi 415 milhões, ou 8,8% da população mundial”. Essa questão é tema de um artigo da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), que avaliou os fatores associados à qualidade de vida de brasileiros e de diabéticos. As projeções para o ano de 2040 apontam que 642 milhões de pessoas (10,4%) terão DM, constituindo assim um problema de saúde pública em potencial, alerta o artigo.
O artigo Fatores associados à qualidade de vida de brasileiros e de diabéticos: evidências de um inquérito de base populacional, publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva de março de 2019, traçou o perfil dos indivíduos no que tange aos fatores relacionados à chance de uma melhor qualidade de vida, seja em uma amostra da população brasileira ou em portadores de DM, fornecendo subsídios para a atenção à saúde. “Tal avaliação contribui para compreenderem-se determinados fatores presentes no cotidiano dos indivíduos em geral, e em particular dos diabéticos, que interferem no acompanhamento e na adesão ao tratamento do DM e, por vezes, estão encobertos nas relações familiares, profissionais e sociais”.
Segundo o artigo, o perfil de diabéticos que apresentaram maiores chances de uma pior Qualidade de Vida (QV) física e mental foram as mulheres, sedentárias, com 65 anos ou mais, pertencentes a classe D/E e com outras morbidades crônicas. “Para a população geral além desses fatores, não ter um companheiro e ser analfabeto proporcionou uma pior QV”.
No Brasil, conforme narra o artigo, dados recentes da Pesquisa Nacional em Saúde (PNS) de 2013 estimou a prevalência de DM em 6,2% dos participantes com 18 anos ou mais. De acordo com a IDF, o Brasil ocupa a quarta posição entre os países com o maior número de diabéticos, cerca de 14,3 milhões em 2015.
Para os autores do artigo, Ranailla Lima Bandeira dos Santos, Monica Rodrigues Campos e Luisa Sório Flor, o envelhecimento populacional, a crescente urbanização, o sedentarismo, as dietas hipercalóricas e a obesidade são os grandes fatores de risco responsáveis pelo aumento da prevalência de diabetes mellitus, configurando-o, como uma epidemia mundial. “Ao todo, 5 milhões de mortes por ano no mundo são determinadas por essa doença e suas complicações, representando 9% do total de mortes”.
De acordo com o artigo, diversos fatores podem influenciar a qualidade de vida dos diabéticos, entre esses, a idade, o sexo, a obesidade, a presença de complicações e o esquema terapêutico antidiabético. Além disso, relatam os autores, quanto mais graves forem as complicações de um paciente com DM, pior tende a ser sua QV. Por esse motivo, eles ressaltam, torna-se fundamental a avaliação da QV das pessoas com diabetes mellitus, sendo necessária a identificação de fatores que interferem na QV, para que possam ser instituídas estratégias de cuidado específicas e efetivas na minimização ou prevenção do seu comprometimento.
O artigo informa que, em decorrência da elevada incidência e prevalência do diabetes mellitus e suas complicações crônicas, além de serem limitados os estudos de base populacional no Brasil que propõem investigar a prevalência de DM e medir simultaneamente QV, os resultados da pesquisa merecem destaque pois, além de originarem-se de um estudo de base populacional, possuem representatividade nacional.
Diabetes mellitus
O DM é definido como uma síndrome de etiologia múltipla e pode ser ocasionado pela falta de insulina e/ou incapacidade de a insulina exercer adequadamente suas funções. Quando não controlado, o DM pode levar ao desenvolvimento de complicações microvasculares, como retinopatia, nefropatia e neuropatia, e macrovasculares, como infarto agudo do miocárdio.