01/10/2019
Nathállia Gameiro (Fiocruz Brasília)
Fruto de parceria entre Fiocruz Brasília, Secretaria de Saúde do DF e a Universidade de Brasília (UnB), foi lançado (24/9) o projeto Qualis APS. Entre seus objetivos, está o de qualificar e melhorar os processos de trabalho, a gestão e os serviços prestados na Atenção Primária à Saúde (APS). Para isso, será realizado diagnóstico inicial da APS no DF, capacitação de gestores e profissionais de saúde, monitoramento e avaliação.
“A atenção primária à saúde é a porta de entrada do [Sistema Único de Saúde] SUS. Ela é essencial para um desenvolvimento sustentável e o cumprimento da Agenda 2030. Assumimos o compromisso no DF de construir uma saúde sustentável a partir dos indicadores sociais e econômicos voltados para a diminuição da desigualdade”, afirmou a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, durante cerimônia de lançamento, em Brasília.
Para o secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, é um investimento importante que vai organizar os prontos-socorros e internações, fazendo com que o atendimento hospitalar seja cada vez melhor e funcione com mais tranquilidade. “Vai desafogar os hospitais com atendimentos que podem ser realizados no dia-a-dia. O envolvimento da atenção primária na vigilância em saúde é de extrema importância, para trabalhar com prevenção, fazer o primeiro atendimento, organizar o fluxo de encaminhamento dos pacientes e possibilitar que tenham um atendimento humanizado, com o máximo de atenção e orientação”, destacou.
Mais de 4 mil profissionais da atenção primária e 120 gestores serão capacitados com o projeto. O coordenador substituto de Atenção Primária à Saúde da Subsecretaria de Atenção Integral à Saúde do DF, Sérgio Lima, ressaltou que este é um momento ímpar para a saúde do Distrito Federal, em que 100% dos profissionais serão qualificados. O projeto também conta com a participação do usuário. “As queixas serão atendidas e serão instrumentos para que possamos cada vez mais aprimorar e melhorar o serviço ofertado a eles, fortalecendo o território e integrando melhor as equipes de rede primária e secundária em saúde para que a saúde no DF seja referência e a população carente e vulnerável, que tanto precisa da gente, consiga acessar o sistema”, explicou.
A diretora da Fiocruz Brasília destacou ainda os 120 anos da Fundação e a trajetória na contribuição e atuação efetiva no campo da saúde pública e na formação de trabalhadores, assumindo a responsabilidade e a mobilização em redes para gestão, ciência e tecnologia, controle social e participação do usuário. “Entendemos que a articulação e os diversos olhares presentes possibilitam que a saúde possa receber contribuições necessárias, identificar necessidades dos usuários e profissionais de saúde e se fortalecer. A saúde pública é possível porque a construção é coletiva e articulada”, completou.
APS forte e sustentável
Uma APS mais forte é essencial para a sustentabilidade do SUS e o alcance da cobertura universal de saúde e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Essa é a conclusão do coordenador da Unidade Técnica de Sistemas e Serviços de Saúde da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Renato Tasca. O grande obstáculo está na desigualdade social, já que 47,9% da riqueza do país está concentrada nas mãos do 1% mais rico. Além disso, o gasto público em saúde no Brasil é inferior à média. Tasca destacou que alguns efeitos da crise econômica na saúde são o aumento da mortalidade infantil e a baixa na cobertura vacinal.
De acordo com Tasca, as evidências mostram que sistemas de saúde com uma forte base na atenção primária conseguem melhores resultados, maior equidade e uma menor taxa de crescimento nas despesas em saúde.
“Com vontade política, programas e políticas claras, financiamento, tecnologias, incentivos, condições de trabalho, estrutura e equipamentos adequados e investimento em recursos humanos, é possível diminuir as desigualdades. Para uma saúde universal, a melhor estratégia é investir na atenção primária à saúde”, destacou.
Participaram do evento também o diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), Gustavo Romero; o diretor da Faculdade de Saúde da UnB, Laudimar Alves; o subsecretário de Atenção Integral à Saúde, Ricardo Tavares; o diretor da Estratégia Saúde da Família, José Eudes; a diretora executiva da Escola Fiocruz de Governo, Luciana Sepúlveda; e a professora do Departamento de Saúde Coletiva da UnB, Magda Duarte Scherer. Confira o evento completo.