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22/02/2013

Hospitais de referência de PE não são totalmente acessíveis em casos de emergência e urgência

Fabíola Tavares


Implantados com a proposta de dar assistência aos casos de urgência e emergência, os hospitais de referência regio­nais de Pernambuco não são totalmente acessíveis para atendimentos desse tipo. A falta de médicos especialistas e de leitos de UTI nas unidades e a incompleta implantação des­ses serviços são alguns fatores que caracterizam esse quadro. Os dados constam no estudo A regionalização da assis­tência às urgências e emergências em hospitais de referência regional de Pernambuco: uma avaliação sobre a vertente do acesso aos serviços de saúde, desenvolvido no doutorado em saúde pública da Fiocruz Pernambuco, por Luciana Dubeux. Para a realização da pesquisa foram entrevistados 108 profissionais de saúde, entre diretores de hospitais, mé­dicos e enfermeiros, e 853 usuários.


 A falta de médicos especialistas e de leitos de UTI nas unidades e a incompleta implantação des­ses serviços são alguns fatores que caracterizam o quadro identificado pelo estudo

A falta de médicos especialistas e de leitos de UTI nas unidades e a incompleta implantação des­ses serviços são alguns fatores que caracterizam o quadro identificado pelo estudo





A pesquisa constatou que a oferta de serviços nessas uni­dades está em desacordo com o preconizado pelo Plano Di­retor de Regionalização (PDR) adotado pelo estado. A maio­ria dos casos assistidos são de menor complexidade, como pequenos ferimentos e cirurgia de retirada do apêndice. A atenção as gestantes se limita aos casos sem complicações, na maioria dos hospitais, e a realização de parto de gestante de alto-risco é condicionada a presença de um anestesista de plantão. As cirurgias eletivas são reduzidas as de pequeno porte e a oferta regular desses procedimentos é comprome­tida pela falta de cirurgião pediátrico, neurocirurgiões e a li­mitação de salas cirúrgicas e de leitos.


No quesito recursos humanos todos os gestores entrevis­tados disseram que os hospitais possuem clínico geral, pe­diatra, anestesista e ginecologista/obstetra - com exceção da unidade de Caruaru, que não atende gestantes. Apesar dessa afirmativa foi observado que os clínicos desempenham fun­ções de outros especialistas e a necessidade de contratação de anestesistas via cooperativa. Também se verificou a con­tratação insuficiente de neurologistas, cardiologistas, cirur­giões gerais, cirurgiões pediátricos e neurocirurgiões. “Os entrevistados apontaram a necessidade de treina­mentos, reciclagem profissional e implantação de política de incentivo financeiro para os profissionais permanecerem trabalhando nas cidades interioranas”, afirmou Luciana. A disponibilidade de laboratório de análise clínica, de exames radiográficos e de leitos foram outros itens avaliados em re­lação à oferta de serviços especializados.


O estudo também avaliou o grau de implantação de dez serviços de urgência e emergência que compõem a rede de referência microrregional e macrorregio­nal, tendo como critérios as estruturas física, organizacional e recursos materiais e às atividades de rotina e de referência/contra referência. Com base nesses parâmetros, nenhum dos hospitais avaliados atingiu o grau de implantação satisfató­rio e seis foram tidos como deficiente. Quatro deles, locali­zados em macrorregionais, foram avaliados como aceitáveis. Comparando-se os graus de implantações de acordo com as dimensões, verificou-se que os hospitais das macrorregionais saíram-se melhores nas questões relativas ao processo e os microrregionais em relação às questões de estrutura. O estudo de Luciana, desenvolvido sob a orientação do pesquisador da Fiocruz Eduardo Freese, foi parte integran­te de uma pesquisa denominada Análise da relação da ofer­ta e demanda aos serviços de saúde dos hospitais regionais de Pernambuco, financiada pela Organização Pan-americana da Saúde (Opas) e pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe).


Publicado em 22/2/2013.

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