Início do conteúdo

30/03/2021

Fiocruz lança Plano de Preservação Digital para audiovisuais

Icict/Fiocruz


Salas refrigeradas com rolos de filmes em latas. Estantes com VHS ou Betacam. Disquetes, DVDs, HDs. No decorrer do tempo, muitos métodos e suportes já foram usados para armazenar filmes e demais obras audiovisuais. E hoje, na era digital? A VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz criou um conjunto de diretrizes e protocolos para preservar seu acervo audiovisual, o maior da América Latina no campo da saúde. Trata-se do Plano de Preservação Digital (PPD), que integra o Programa de Preservação Digital de Acervos da Fiocruz.

Documento prevê uma série de ações e procedimentos que podem servir de modelo por convergir as melhores práticas apontadas pela literatura mais atual e especializada na área de preservação digital (foto: Icict/Fiocruz)

 

A VideoSaúde é um importante polo de pesquisa, preservação, produção, fomento e distribuição de obras audiovisuais em saúde, com três décadas de trabalho e mais de nove mil registros no acervo em diversos formatos analógicos e digitais, com volume estimado em 80 terabytes (TB), cerca de 4.500 obras disponíveis para acesso aberto. Não à toa, encarar o desafio da preservação digital vinha tornando-se imprescindível. Com o audiovisual, sobretudo o vídeo digital, a obsolescência é mais rápida que em outros gêneros documentais.  

O plano foi desenvolvido ao longo de 10 meses por três profissionais da área de arquivo e preservação: o arquivista João Guilherme Machado e a profissional de rádio e TV Eliane Pontes, ambos da VideoSaúde, e o especialista em preservação sonora e audiovisual e consultor da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) Marco Dreer. O documento contou com colaboração do engenheiro eletrônico Cleomar Huche Lopes, que também integra a equipe da Distribuidora, e a arquivista Karina Veras (COC). 

“Esse documento prevê uma série de ações e procedimentos que convergem com as melhores práticas apontadas pela literatura mais atual e especializada na área de preservação digital e que podem servir de modelo tanto para outras unidades da Fiocruz, quanto para as demais instituições que custodiam documentos arquivísticos digitais audiovisuais. Além de estimular a cultura da preservação digital”, define João Guilherme Machado. 

Plano disponível no Arca

No Brasil, já houve a elaboração de políticas de preservação digital que definem diretrizes gerais. Essas iniciativas, porém, não possuíam o caráter prático de um plano. “Não temos registro no país de planos de preservação digital voltados especificamente para os documentos audiovisuais. Nesse sentido, há um pioneirismo da VideoSaúde ao formalizar suas estratégias de preservação digital em um documento institucional”, observa Marco Dreer, que é também o vice-presidente da Associação Brasileira de Preservação Audiovisual (ABPA). 

A distribuidora da Fiocruz realiza testes com o software Archivematica, um sistema gratuito e de código aberto que funciona como um repositório de preservação de conteúdo digital. O software reúne de forma centralizada um conjunto de ferramentas específicas para trabalhar com diversos gêneros documentais, sejam eles documentos textuais, sonoros, audiovisuais ou tridimensionais. 

Pensando na reprodutibilidade da inciativa e em contribuir com outras instituições que se deparam com o mesmo desafio da preservação digital, o PPD encontra-se disponível no Repositório Institucional da Fiocruz, o Arca, assim como o relato da experiência do processo de construção do documento. “Espera-se, com a divulgação e disponibilização do plano, que esse compartilhamento de informações alcance o máximo de instituições, pesquisadores, profissionais, estudantes e interessados pelo tema da preservação digital de documentos audiovisuais, tanto no âmbito nacional quanto internacional.”, reitera Eliane Pontes. “Esperamos também que resulte em valorização e reconhecimento desse trabalho pioneiro da VideoSaúde”.

Voltar ao topo Voltar