Início do conteúdo

09/12/2021

InfoGripe aponta vírus influenza A em casos de SRAG no RJ

Regina Castro (CCS/Fiocruz)


O novo Boletim InfoGripe da Fiocruz  divulgado nesta quinta-feira (9/12) destaca que no Estado do  Rio de Janeiro já se observa a presença do vírus influenza A, tanto em crianças quanto na população adulta, entre os casos de Síndrome Respiratório Aguda Grave (SRAG) referentes às semanas 47 e 48. A análise alerta os demais grandes centros urbanos e turísticos para o risco de importação de casos de influenza – especialmente em locais cujas medidas não farmacológicas para a mitigação da transmissão da Covid-19 estejam com baixa adesão. Referente à Semana Epidemiológica 48, o período de 28 de novembro a 4 de dezembro, a investigação tem como base os dados inseridos no SivepGripe até 6 de dezembro.

O quadro  nacional apresenta crescimento de casos de SRAG em todas as faixas etárias abaixo de 60 anos. Tal cenário é mais claro no grupo etário de crianças a jovens adultos (0-9, 10-19 e 20-29 anos). “Nas faixas etárias entre 30 e 59 anos o crescimento é relativamente leve,  porém consistente,  reforçando a necessidade de cuidados”, destaca o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe. 

No caso das crianças (0-9 anos), os resultados laboratoriais associados a esses casos seguem apontando predomínio de vírus sincicial respiratório (VSR), que acompanha a tendência de aumento de SRAG nessa faixa etária. Já nas demais faixas etárias  os casos de SRAG se mantêm majoritariamente associados ao Sars-CoV-2 (Covid-19) com exceção do Estado do Rio de Janeiro, que apresentou presença do vírus influenza A tanto em crianças quanto na população adulta.

Nenhuma das 118 macrorregiões de saúde apresenta indícios de SRAG extremamente alto. Desse total, apenas 9, localizadas  em Minas Gerais, Para, Paraná e São Paulo,  apresentam nível muito alto. De 2020 até a presente atualização, foram reportados 1.703.956 casos. Destes, 994.887 são referentes ao ano epidemiológico de 2021, sendo 698.986 (70,3%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 162.768 (16,4%) negativos, e ao menos 63.172 (6,3%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os positivos, 0,0% influenza A, 0,0% influenza B,  1,2% vírus sincicial respiratório (VSR) e 96,4% Sars-CoV-2 (Covid-19). 

“Na série temporal consolidada da incidência de casos e óbitos de SRAG por Covid-19 observa-se que, com o avanço da cobertura vacinal na população adulta, as faixas etárias de 60 anos ou mais (60-69, 70-79 e 80 anos ou mais) voltaram a ser os grupos com maior incidência semanal de casos e óbitos por SRAG com resultado de RT-PCR positivo para Sars-CoV-2”, pontua Gomes.

Vírus sincicial respiratório

Outro fato preocupante é o predomínio praticamente absoluto de detecção de Sars-CoV-2 (Covid-19) entre os casos de SRAG com resultado laboratorial no país. Entre crianças e adolescentes, verifica-se que esse quadro se mantém entre os adolescentes de 10-19 anos, “porém com redução na positividade geral e maior presença relativa de casos positivos para rinovírus”. Entre crianças de 0-9 anos – faixa etária em que há menor positividade – em 2021 houve um aumento significativo de casos de vírus sincicial respiratório (VSR), com registros semanais superiores aos observados para Sars-CoV-2. A partir de julho observa-se aumento gradual de casos positivos por outros vírus respiratórios, como adenovírus, bocavírus, parainfluenza 3, parainfluenza 4, entre outros, que se somam à presença do VSR e rinovírus nessas crianças.

Doze das 27 unidades federativas apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis  semanas) até a semana 48: Acre, Amazonas, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia e São Paulo. Em relação aos demais estados, 10 apresentam sinal de queda na tendência de longo prazo: Alagoas, Ceará, Mato Grosso, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins. Finalmente, uma UF apresenta sinal de crescimento apenas na tendência de curto prazo (últimas três  semanas): Alagoas, porém compatível que oscilação em torno de valor estável. 

“Diferentemente do apontado em atualizações anteriores, embora em muitos estados ainda seja um crescimento lento, os dados por faixa etária sugerem se tratar de um crescimento sustentado e recomenda-se reavaliação das medidas de prevenção da transmissão de vírus respiratórios, especialmente em relação aos eventos de final de ano para evitar agravamento do cenário epidemiológico”, ressalta Gomes.

No Acre, Amazonas, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Rio de Janeiro, Rondônia e São Paulo há sinal forte de crescimento na tendência de longo prazo. Sendo que no Amapá, Bahia, Espírito Santo, Pará, Rio de Janeiro e Rondônia também há sinal de crescimento na tendência de curto prazo (últimas 3 semanas). No Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte há sinal moderado de crescimento na tendência de longo prazo, sendo que no Rio Grande do Norte também há sinal de crescimento na tendência de curto prazo.

Voltar ao topo Voltar