10/11/2022
Juliana Passos (EPSJV/Fiocruz)
A nova edição da Revista Poli (86) traz como reportagem de capa um marco na defesa da escola pública, laica e gratuita. Há nove décadas era lançado o Manifesto dos Pioneiros da Educação. Entre os 26 intelectuais estavam intelectuais, educadores e gestores na área que propunham profissionalizar a educação no país e torná-la um direito de todas e todos. Considerado por alguns a certidão de nascimento na educação no Brasil, o documento traz consensos entre os signatários, em sua maioria defensores do modelo da Educação Nova.
Diante do aumento da fome no Brasil, outra matéria da edição trata das propostas da agroecologia para a diminuição da insegurança alimentar. Os entrevistados resgatam a importância do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) como forma de incentivar a produção e a chegada de alimentos de qualidade a estudantes e familiares em vulnerabilidade social.
Em ano de eleições, muitos setores divulgaram suas prioridades para os próximos anos e na Saúde não foi diferente. Embora continuem tocando na mesma tecla de maior financiamento público para a Saúde, uso de tecnologias e parcerias público-privadas, a pandemia de coronavírus acentuou uma pauta antiga do setor privado: aumento de soluções e atendimento remotos. Sem se opor aos avanços tecnológicos, os especialistas entrevistados para a matéria chamam atenção para as mudanças que um novo modelo pode trazer para o grande pilar do Sistema Único de Saúde (SUS), a Atenção Primária à Saúde.
Pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA), Leonardo Cruz é o entrevistado dessa edição e fala sobre as preocupações quanto ao avanço das tecnologias digitais desenvolvidas por grandes empresas como Google e Microsoft sobre a educação pública no Brasil. Para ele, a apropriação privada de uma quantidade enorme de dados digitais produzidos pelos serviços públicos brasileiros e seu armazenamento em data centers localizados nos Estados Unidos levanta dilemas políticos que precisam ser encarados com urgência.
Outra matéria analisa a chamada Grande Renúncia, como ficou conhecido o fenômeno de demissão voluntária de milhões de trabalhadores no auge da pandemia de Covid-19, que repercute até hoje em países como os Estados Unidos e chegou a se espraiar para o Brasil.
Por fim, Branquitude é o tema da seção Dicionário. Foi a partir dos anos 1990 que os estudos sobre racismo passaram a incluir “branco” como raça, um olhar fundamental, de acordo com os especialistas ouvidos pela reportagem. Para eles, essa mudança desloca o “branco” enquanto padrão e força a sociedade a identificar os privilégios conferidos ou não a pessoas por conta de sua cor.