Fiocruz participa de inauguração de Super Centro de Vacinação

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Ciro Oiticica e Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)
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A Prefeitura do Rio inaugurou no sábado (28/1) o Super Centro Carioca de Vacinação (SCCV), dedicado aos serviços de imunização, com funcionamento de segunda a domingo, das 8h às 22h, para ampliar o acesso às vacinas. Presente ao evento, em sua primeira agenda fora de Brasília, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que a inauguração marca um momento histórico, no qual está sendo lançado um movimento nacional de retomada da vacinação. O presidente interino da Fiocruz, Mario Moreira, afirmou na ocasião que o SCCV, em total alinhamento com as prioridades do governo federal, ajudará no processo de retomada das coberturas em vacinas, objetivo maior do projeto Reconquista das Altas Coberturas Vacinais, que tem a Fiocruz como um de seus coordenadores, ao lado do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Para o presidente interino da Fiocruz, Mario Moreira, “o prédio lembra em muito o Castelo Mourisco, e não por acaso, visto que ambos foram projetados pelo mesmo arquiteto, Luiz Moraes Júnior, a pedido de Oswaldo Cruz” (foto: Divulgação)

 

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, destacou que “a inauguração tem um simbolismo muito grande, porque passamos por um período em que vimos uma parte das autoridades públicas contestar a importância da vacinação, e isso afeta a vida das pessoas”. Segundo Paes, “agora é necessário fazer um reforço extra, tendo um governo federal que luta pela vacinação. Temos esse super centro, que fará parte das nossas grandes campanhas, mas também para as vacinas que precisamos tomar no dia a dia. É uma alegria inaugurar esse espaço, simbolizando este novo momento do Brasil”, afirmou.

Mario Moreira sublinhou que o super centro dá a devida ênfase ao valor da vacinação. “Teremos muitas campanhas pela frente no Rio, para as quais este centro será uma referência. Saber que estará aberto a qualquer dia, com um horário de atendimento estendido, traz segurança e confiança à população”.

Para Moreira, a arquitetura é outro elemento a aproximar o super centro e a Fiocruz. “O prédio lembra em muito o Castelo Mourisco, e não por acaso, visto que ambos foram projetados pelo mesmo arquiteto, Luiz Moraes Júnior, a pedido de Oswaldo Cruz”.

Para o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, o super centro é uma grande realização. “O prédio estava sendo usado como almoxarifado do Hospital Rocha Maia e agora será utilizado por todos os cariocas”.

A unidade está instalada em um prédio histórico ao lado do Hospital Municipal Rocha Maia, em Botafogo, que foi restaurado. O SCCV vai absorver também o Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais Myrtes Amorelli Gonzaga (Crie), voltado para o atendimento de pacientes com necessidades clínicas específicas. O ministro Padilha aplicou a primeira dose de vacina do SCCV.

O presidente interino da Fiocruz disse ainda que “é muito oportuna a homenagem à pesquisadora Cecília Minayo, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), que tem atuação destacada na área da saúde pública e agora dá nome ao auditório do SCCV. Esse é mais um símbolo dos esforços conjuntos da Fiocruz e da Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria de Saúde”.

Fundadora do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves) da Fiocruz, Cecília Minayo é socióloga e antropóloga e dedicou décadas à missão de formar alunos de excelência, além de publicar centenas de estudos sobre os impactos sociais do adoecimento e dos agravos à saúde provocados pela violência. Recebeu diversos prêmios no Brasil e no exterior.

Para Cecília, a homenagem representa o reconhecimento do seu compromisso com as questões sociais e do impacto da violência sobre a saúde. "Fui surpreendida com essa homenagem e me sinto lisonjeada, pois ela representa o apoio as nossas pesquisas em prol da comunidade do Rio de Janeiro", destacou. Para ela, a homenagem também reflete apoio ao método de pesquisa, ao compromisso com os estudantes, profissionais de saúde e assistência social, no âmbito dos temas que tangenciam a questão da violência na saúde.

Devido a um compromisso no exterior, a ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, não pôde comparecer ao evento. Em carta, ela manifestou sua satisfação com a criação do super centro, destacando que ele se torna uma importante referência para vacinação na cidade e nas campanhas que estão por vir.

Unidade poderá fazer 600 atendimentos por dia

Com estimativa de 600 atendimentos por dia, o SCCV contará com uma equipe formada por médicos (infectologistas, pediatras e alergistas/imunologistas), enfermeiros e técnicos de enfermagem. A nova unidade ampliará o atendimento a crianças e adultos portadores de quadros clínicos especiais e com histórico de evento pós-vacinal ou de alergia a algum componente vacinal. Serão três amplos consultórios médicos e de enfermagem para pacientes que necessitam de imunobiológicos especiais, e três salas de vacina, sendo uma para imunização de rotina e duas para vacinação especial (uma delas com observação clínica).

A sala de imunização de rotina será aberta ao público em geral por demanda espontânea. Basta o cidadão buscar atendimento para atualização vacinal, portando, sempre que possível, a caderneta ou comprovante de vacinação. Já os pacientes das redes pública e privada que atendam aos critérios e indicações para uso de imunobiológico especial deverão ser encaminhados por profissional de saúde, por meio da Ficha para Solicitação de Imunobiológicos Especiais – Crie, para atendimento no SCCV, onde serão avaliados pela equipe multiprofissional e vacinados no mesmo dia, observando-se as necessidades específicas de cada caso e com o suporte necessário.

Prédio histórico tem mais de um século de contribuição à saúde pública

O Super Centro Carioca de Vacinação está instalado no prédio da Rua General Severiano 91, onde funcionou o Desinfectório de Botafogo, inaugurado em 1905 para atender ao projeto sanitário da época, sendo um dos primeiros projetos de Oswaldo Cruz na Direção nacional de Saúde. Desinfectórios eram locais destinados ao isolamento de pessoas com doenças contagiosas e desinfecção de seus objetos pessoais. Lá havia aparelhos, ambulância, câmaras de banhos e até fornos de incineração. A unidade foi estratégica para o combate à peste bubônica, a febre amarela, mas teve destaque principal como ponto de vacinação para a campanha de varíola. O prédio é um projeto do arquiteto Luiz Moraes Júnior, que também projetou o Castelo Mourisco da Fiocruz e outras instalações da Fundação, como a Cavalariça e o Prédio do Relógio.