30/08/2023
Bel Levy (ArticulaFito/Fiocruz)
A pesquisa e a inovação em bioeconomia estão em pauta no Rio de Janeiro durante a conferência Green Rio 2023, tradicional evento internacional que ocupará a Marina da Glória, na capital fluminense, de 31 de agosto a 2 de setembro. A Fiocruz apresentará suas ações na área em estande institucional que contará com o ciclo de debates Diálogos do ArticulaFito, dia 1º de setembro, das 9h às 17h. A atividade será oportunidade para compartilhar os resultados do projeto ArticulaFito – Cadeias de Valor em Plantas Medicinais, fruto de iniciativa conjunta da Fiocruz com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), que desde 2015 vem promovendo o mapeamento e o fortalecimento de cadeias de valor em plantas medicinais no Brasil.
A cadeia de valor dos óleos essenciais e hidrolatos Ubuntu é uma das 33 mapeadas pelo projeto ArticulaFito (foto: Pedro Gorender, ArticulaFito)
“Nessa edição da Green Rio, vamos apresentar os avanços conquistados nas cadeias de valor da pilocarpina das folhas de jaborandi, da cera de carnaúba, dos hidrolatos e óleos essenciais Ubunti, do chá medicinal de calêndula e do chá medicinal da espinheira santa, dentre eles, a capacitação de agricultores familiares e extrativistas; o controle de qualidade dos produtos à base de plantas medicinais, aromáticas, condimentares e alimentícias; o estabelecimento de arranjos institucionais nos territórios; a realização de intercâmbios; e a conservação ambiental dos biomas brasileiros”, adianta a pesquisadora Joseane Costa, idealizadora do projeto ArticulaFito – Cadeias de Valor em Plantas Medicinais, que hoje é servidora do MDA na Coordenação Geral de Acesso e Conservação de Biomas, Sociobiodiversidade e Bens Comuns do Departamento de Desenvolvimento Territorial e Socioambiental da Secretaria de Governança Fundiária, Desenvolvimento Territorial e Socioambiental do Ministério.
A sessão Diálogos do ArticulaFito dá sequência aos debates promovidos na Green Rio 2022, que destacou a colaboração entre Brasil e Alemanha nas áreas de bioeconomia e sociobiodiversidade. “De lá para cá, fortalecemos a nossa parceria com o Instituto Julius Kuhn (JKI), da Alemanha, com a realização de um intercâmbio que levou pesquisadores brasileiros e alemães para uma imersão na Floresta Nacional dos Carajás (Flona Carajás), no Pará, que integra o bioma amazônico. Assim foi possível conhecer de perto a realidade dos extrativistas que coletam as folhas de jaborandi de onde se extrai a pilocarpina, princípio ativo do colírio para glaucoma utilizado em todo o mundo. A partir daí, estabelecemos um plano de ação conjunto, envolvendo a Fiocruz, o MDA, o JKI, as cooperativas de extrativistas e demais instituições do território para o fortalecimento dessa cadeia de valor”, resume Joseane.
A atividade também compartilhará os avanços obtidos no fortalecimento da cadeia de valor da cera de carnaúba, que abrange municípios do Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte e Piauí, na caatinga brasileira. “Por meio de um potente arranjo institucional que envolve o MDA, a Fiocruz, a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e empresas do setor produtivo, realizamos a capacitação de extrativistas e a aquisição de equipamentos de proteção individual e coletiva, com vistas à promoção do trabalho digno e seguro, um dos principais gargalos mapeados nessa cadeia”, conta Joseane.
Serão apresentados, ainda, os resultados do follow up realizado junto às cadeias de valor em plantas medicinais mapeadas pelo projeto no Oeste do Paraná, no bioma Mata Atlântica: hidrolatos e óleos essenciais Ubuntu, Chá Medicinal de Calêndula e chá medicinal de espinheira santa. “Essas experiências mostram a importância de arranjos institucionais que integram órgãos públicos, empresas privadas, organizações sociais de agricultores familiares e movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Dentre os resultados obtidos estão a realização de oficinas de capacitação e planejamento; a oferta de assessoria dirigida para superar problemas relacionados à regulação fitossanitária; e a aquisição de equipamentos, como desidratoras e destiladores. Todas as ações são fruto de planos de ação elaborados coletivamente após o mapeamento das cadeias de valor, que indica visão de futuro, gargalos e oportunidades”, aponta a idealizadora do projeto ArticulaFito.
Para a Coordenadora Geral de Acesso e Conservação dos Biomas, Sociobiodiversidade e Bens Comuns do MDA, Tarcila Portugal, a Green Rio 2023 é um espaço estratégico para apresentar os resultados e discutir os próximos passos do projeto. “O ArticulaFito envolve pessoas de todo o o território nacional e, ao longo dos anos, a Green Rio tem sido oportunidade para nos encontrarmos pessoalmente, atualizarmos as demandas e discutirmos estratégias de ação. Além disso, estaremos em contato com demais atores e instituições que atuam na área da bioeconomia e poderemos conhecer seus projetos, resultados e trocar informações e experiências”, considera Tarcila.
“O ArticulaFito tem se mostrado uma estratégia potente para a promoção da saúde por meio da inclusão produtiva de agricultores familiares, povos indígenas e comunidades tradicionais e da conservação ambiental dos biomas brasileiros. Uma prova viva de que a saúde é intersetorial e de que ações efetivas devem ser planejadas e executadas em conjunto com os atores dos territórios. É hora de compartilhar nossos resultados”, conclui o assessor de Relações Institucionais da Fiocruz, Valber Frutuoso.
Confira a programação completa do ciclo de debates Diálogos do ArticulaFito.
Serviço:
Diálogos do ArticulaFito
Data: 1º de setembro, das 9h às 17h
Local: Estande da Fiocruz na Green Rio
Endereço: Marina da Glória (Av. Infante Dom Henrique, S/N - Glória)