02/06/2010
Agência Notisa
De acordo com estudo publicado na Revista Brasileira de Epidemiologia, os indígenas das regiões sudeste e sul são hospitalizados muito mais frequentemente que o resto da população, com destaques para as doenças respiratórias, que respondem por até 64,6% dos casos. O trabalho é da autoria de Andrey Moreira Cardoso, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz, e colegas, e foi disponibilizado na edição de março de 2010 da revista.
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Pesquisa demonstra necessidade de maior conhecimento da epidemiologia das infecções respiratórias agudas entre os Guarani |
Para coleta de dados, conforme explicam os autores, foi realizado estudo da morbidade hospitalar na população indígena Guarani assistida pela Funasa, que habita 83 aldeias e acampamentos das regiões sul e sudeste do Brasil, assim distribuídos segundo os estados: Rio Grande do Sul (32), Santa Catarina (16), Paraná (4), São Paulo (27) e Rio de Janeiro (5). Eles também afirmam que foi implantado um sistema para monitorar as hospitalizações de indígenas Guarani, coordenado por um dos pesquisadores e conduzido por equipe de enfermeiros da Funasa devidamente treinados em duas oficinas realizadas no Rio de Janeiro, intercaladas por um teste-piloto no campo.
Os especialistas revelam que “no período, ocorreram 666 hospitalizações concentradas em 497 indivíduos, sendo a maioria maiores de 5 anos (71,9%). As doenças respiratórias foram as principais causas de hospitalização (64,6%), sobretudo em crianças (maiores de 5 anos: 77,6%; menores de 1 ano: 83,4%), superando as magnitudes das proporções de hospitalização por essas causas em outros grupos indígenas. A taxa de hospitalização (por 100 pessoas-ano) global foi de 8,8, correspondendo a 71,4 em menores de 1 ano e a 21,0 em indivíduos entre 1 e 4 anos. A taxa de hospitalização por infecção respiratória aguda (IRA – 5,3) superou em 6,5 e 2,0 vezes àquelas por diarreia e por demais causas, enquanto que nos menores de 5 anos (IRA = 23,7), essas razões de taxas foram de 7,4 e 5,4, respectivamente. A taxa padronizada de hospitalização Guarani superou as taxas padronizadas das regiões sul e sudeste em 40% e 210%, respectivamente”.
Para Andrey e colegas, a pesquisa demonstra uma “necessidade premente de maior conhecimento da epidemiologia das infecções respiratórias agudas entre os Guarani e de incremento da qualidade técnico-assistencial das equipes de saúde locais e dos profissionais do sistema de referência extra-aldeia, incluindo aspectos antropológicos, para atuarem de forma integral e eficiente no controle das IRA entre os grupos indígenas no Sul e Sudeste do Brasil”. Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.
Publicada em 31/05/2010.