14/05/2010
O Governo do Ceará e a Fiocruz promoveram nesta sexta-feira (14/5) o seminário A Fiocruz e o Polo Industrial e Tecnológico da Saúde, no Palácio Iracema, em Fortaleza. No evento, o governo do Ceará fez a entrega de posse do terreno onde a Fiocruz constuirá a sua sede na capital cearense. Também foi assinado um convênio para a realização de um mestrado em saúde da família, organizado por Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade do Estado do Ceará (Uece), Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA), universidades federais do Maranhão (UFMA) e do Rio Grande do Norte (UFRN) e Fiocruz. No mesmo evento foi instalada a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Saúde. O governador do Ceará, Cid Gomes, e o presidente da Fundação, Paulo Gadelha, estiveram presentes.
|
A instalação de uma unidade no Ceará fortalecerá ainda mais a capacidade do Nordeste de produção científica e tecnológica em saúde (Foto: Gutemberg Brito) |
O Programa Mais Saúde do Ministério da Saúde prevê a instalação de novas unidades da Fiocruz nos estados de Mato Grosso do Sul, Rondônia, Piauí e Ceará, além do Paraná, onde foi inaugurado em 2009 o Instituto Carlos Chagas (ICC). A presença da Fiocruz no Centro-Oeste, Norte e Nordeste contribuirá para a desconcentração regional e para o desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde. A implantação de unidades com capacidade de produção científica e tecnológica em saúde nessas regiões é fator importante para o desenvolvimento: além de ampliar a geração de conhecimentos e tecnologias capazes de melhorar as respostas do setor saúde aos problemas regionais da população brasileira, contribui para o desenvolvimento econômico, fixando trabalhadores especializados nas várias regiões e fomentando a cadeia de produção, com participação do setor produtivo regional e local. A instalação da Fiocruz em outros estados tem como objetivos, ainda, estabelecer novos objetos de pesquisa relacionados aos quadros ambiental e epidemiológico de cada região e otimizar a cooperação regional entre os setores acadêmico e empresarial.
Inicialmente, a instalação da unidade no Ceará reforça a presença da Fiocruz no Nordeste, onde a Fundação já conta com duas unidades: o Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz (CPqGM/Fiocruz Bahia) e o Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM/Fiocruz Pernambuco). Destaca-se que o Ceará tem relevante dimensão política e econômica, papel estratégico para o desenvolvimento regional e acumula notórias competências acadêmicas e experiências em saúde pública. Soma-se a isso o decisivo apoio e manifestação de interesse do governo do estado, com o envolvimento direto do governador Cid Gomes. A instalação de uma unidade no Ceará fortalecerá ainda mais a capacidade do Nordeste de produção científica e tecnológica em saúde. São importantes no Ceará, especialmente para a Fiocruz, o desenvolvimento da Estratégia da Saúde da Família, o estudo de fitofármacos e o desenvolvimento farmacológico.
A atuação da Fiocruz é a mais abrangente na área da saúde: ela desenvolve atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico, inovação, produção, ensino e atenção à saúde. Ou seja: a instituição participa de todas as etapas da cadeia da saúde, desde a pesquisa básica até a transformação dos conhecimentos científicos em produtos, passando pela prestação de serviços de referência e pela formação de recursos humanos, visando promover a saúde e a cidadania das populações, sobretudo das mais pobres. A Fiocruz é estratégica para o Estado brasileiro na área da saúde: ao servir de âncora para o fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, a Fundação coloca as prioridades sociais como norteadoras do projeto de desenvolvimento econômico. A unidade do Ceará tem como objetivos principais fortalecer a atenção primária à saúde e a Estratégia da Saúde da Família; atuar na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação em fitofármacos; e realizar pesquisas científicas direcionadas à realidade ambiental e epidemiológica regional e local.
O projeto mais adiantado é o do mestrado profissional em rede em saúde da família, coordenado pela Fiocruz com envolvimento de 17 instituições do Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão. O Ministério da Saúde está apoiando fortemente a iniciativa.
Investimentos
Inicialmente, o governo do Ceará adquiriu o terreno, no valor de cerca de R$ 3,2 milhões. E acabou de assinar um convênio para repassar à Fiocruz, até o final de 2010, o valor de cerca de R$ 1,4 milhão, para apoiar na preparação do projeto da unidade. Quanto aos investimentos da Fiocruz, ela mantém desde fevereiro de 2009 um escritório no Ceará, que funciona no Hospital São Mateus, e promove o intercâmbio de profissionais e iniciativas para a estruturação das ações da Fundação no estado. A Fundação também construirá e manterá as instalações de sua unidade no terreno que será doado pelo governo do Ceará. Uma vez instalada a unidade, ela será mantida por meio do orçamento regular da Fiocruz e otimizada contando com todo o suporte e competência técnica hoje existente na Fundação.
Localização
A unidade estará no município de Euzébio, contínuo à capital Fortaleza. Euzébio é um município importante, em desenvolvimento integrado à região metropolitana de Fortaleza, e as autoridades locais têm apoiado a iniciativa. A unidade disporá de 11,4 hectares e está situada em um terreno com área total de 50 hectares, onde se desenvolverá um Polo de Tecnologia em Saúde. A área selecionada foi a mais próxima disponível com esse tamanho e capacidade de atender às demandas do Polo, para o qual a unidade da Fiocruz servirá de âncora.
O Polo de Tecnologia em Saúde reunirá empresas de vários ramos. Até o momento, 13 empresas cearenses da área de química manifestaram o interesse em participar do novo Polo que terá a Fiocruz como âncora. A ideia do Polo é aproximar a pesquisa da indústria, fortalecendo os arranjos produtivos locais. E associar a pesquisa às demandas de mercado, com foco nas prioridades sociais e na redução dos déficits nacionais de autonomia de desenvolvimento e produção do Complexo Econômico-Industrial da Saúde.
As questões ambientais são determinantes das condições de saúde e a Fiocruz tem compromisso fundamental com a preservação do meio ambiente. A Fundação trabalha para que o Polo seja modelo de desenvolvimento com preservação ambiental e, por solicitação do governo do Ceará, contribuirá de modo especial para a seleção dos empreendimentos a serem desenvolvidos no local.
Parceiros
Participam das discussões preparatórias do projeto da unidade o governo do Ceará, por meio das secretarias de Saúde e de Ciência e Tecnologia e da Agência de Desenvolvimento Econômico (Adece); a universidade federal e as três universidades estaduais; as escolas de Saúde Pública do Ceará e de Iguatu; a Escola de Formação em Saúde da Família de Sobral; a Secretaria de Saúde de Fortaleza; o Conselho de Secretarias e Secretários Municipais de Saúde do Ceará; e a Federação das Indústrias do Ceará. A partir de julho de 2009, juntaram-se ao debate as universidades federais e estaduais do Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão, especialmente no projeto de mestrado profissional em rede em saúde da família.
Fiocruz no Nordeste
As duas unidades da Fiocruz instaladas no Nordeste – o Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz (CPqGM/Fiocruz Bahia) e o Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM/Fiocruz Pernambuco) –, estão bastante consolidados, com alto índice de produtividade e uma importante atuação na formação de recursos humanos, por meio dos cursos de pós-graduação. No CPqGM, destacam-se pesquisas sobre doença de Chagas, esquistossomose, leishmaniose, HIV/HTLV, HCV, anemia falciforme, meningites, leptospirose e, mais recentemente, estudos sobre doenças crônico-degenerativas e células-tronco. Os trabalhos resultam em produtos e processos de interesse em saúde pública, como, por exemplo, o desenvolvimento de um teste diagnóstico para a leptospirose e a identificação de antígenos com potencial para a produção de vacinas para leptospirose e leishmaniose.
O CPqAM é Centro Colaborador da OMS na área de saúde e ambiente; referência nacional em filarioses, peste e controle de culicídeos vetores (mosquitos transmissores de doenças); e referência regional em doenças como Chagas, hantaviroses, leishmaniose e esquistossomose. Destacam-se, ainda, projetos para aprimorar vacinas e aperfeiçoar métodos de diagnóstico para doenças infecciosas e parasitárias. A futura unidade no Piauí fará estudos sobre biomas, doenças infecciosas e saúde materno-infantil, entre outras áreas.
Publicado em 13/5/2010.