02/06/2008
Marcelo Garcia
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, inaugurou as novas instalações do Ambulatório Souza Araújo de atendimento à hanseníase do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) nesta sexta-feira (30/5). Temporão enfatizou a importância do combate ao preconceito sobre a doença e defendeu a adoção de uma visão mais humanista do tratamento médico ligado ao Sistema Único de Saúde (SUS). A inauguração integrou as comemorações dos 108 anos do Instituto Oswaldo Cruz IOC e da Fiocruz.
|
O presidente da Fiocruz, Paulo Buss, a diretora do IOC, Tânia Araújo-Jorge, e a chefe do Laboratório de Hanseníase, Euzenir Nunes Sarno, durante o discurso de Temporão (Foto: Peter Ilicciev) |
Temporão elogiou as novas instalações do ambulatório, que atua como serviço de referência nacional em hanseníase, e reforçou a importância de combater uma doença tão antiga, mas que continua sendo um desafio em diversas partes do mundo. “A hanseníase é uma mostra de que ainda há muito a ser feito em saúde pública no país, pois é uma doença que não combina com o grau de desenvolvimento que o país já alcançou”, afirmou. “A inauguração desse ambulatório tem também esse caráter simbólico, uma vez que se dedica ao tratamento de uma doença tão negligenciada, que não deveria mais existir no Brasil”. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2007 foram registrados mais de 200 mil novos casos da doença no mundo, em especial na África, Ásia e América Latina. No Brasil, a Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde informa que, em 2006, aproximadamente 40 mil novos casos foram registrados.
Durante a cerimônia de inauguração, a diretora do IOC, Tania Araújo-Jorge, afirmou que o ambulatório tem uma importância muito grande dentro da proposta do Instituto de atender as necessidades da saúde pública do Brasil. “Nesse espaço fica bem clara a pluralidade do trabalho desenvolvido pelo IOC e sua importância para a sociedade. Aqui caminham juntas faces complementares da saúde pública: clínica médica, ensino e pesquisa científica”, explicou.
O combate ao preconceito é uma das principais tônicas do trabalho no ambulatório. Os pacientes são conscientizados de que a hanseníase é 100% curável e de que podem levar uma vida normal, já que sua transmissão é interrompida assim que se inicia o tratamento. “Pelo que a doença representou durante muito tempo, ainda existe muito preconceito, por isso é importante o trabalho desenvolvido no ambulatório, que alia tratamento, educação e conscientização”, explicou o presidente da Fiocruz, Paulo Buss. “Procuramos proporcionar um ambiente agradável, para mostrar aos pacientes que não há motivo para preconceito ou para ter vergonha da doença”.
Com esse objetivo, o novo prédio conta com iluminação natural, espaço de convivência e ambientes climatizados, tudo isso projetado para proporcionar um ambiente acolhedor aos pacientes. Ao fim da visita, a pesquisadora Euzenir Nunes Sarno, chefe do Laboratório de Hanseníase do IOC e personagem importante da modernização das instalações do ambulatório, afirmou que que exemplos como esse se tornem mais comuns no sistema de saúde brasileiro. “O ambiente e o trabalho aqui desenvolvido oferecem um algo a mais, que melhora a auto-estima dos pacientes e faz com que a evasão seja praticamente inexistente, algo único no Sistema Único de Saúde”, comemorou. “É preciso humanizar a saúde pública, sem demagogia, procurando atender a todas as necessidades da população”.
Durante a cerimônia de inauguração, Euzenir recebeu uma homenagem da equipe do ambulatório, por sua dedicada atuação. O Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), organização não-governamental que tem no Ambulatório Souza Araújo um de seus principais parceiros e que recebeu da Organização Mundial de Saúde o Prêmio Sasakawa de Saúde Pública 2008, ofereceu simbolicamente a premiação ao ministro, em reconhecimento ao trabalho do governo brasileiro no combate à hanseníase.