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10/02/2008

Vacina contra meningite meningocócica A e C é pré-qualificada pela OMS

Edilene Lopes


A Organização Mundial da Saúde (OMS) comunicou oficialmente que a vacina contra meningite meningocócica A e C, produzida em pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos) da Fiocruz, em parceria com o Instituto Finlay de Cuba, foi pré-qualificada para fornecimento às agências das Nações Unidas. De acordo com o ofício enviado pela OMS, a pré-qualificação foi aprovada após o envio de um relatório sobre a produção da vacina, uma visita técnica a cada um dos institutos envolvidos e o retorno que as duas instituições deram às recomendações feitas pela OMS.


 Até 10 de março deste ano o Instituto vai fornecer mais 3,6 milhões de doses da vacina para a OMS

Até 10 de março deste ano o Instituto vai fornecer mais 3,6 milhões de doses da vacina para a OMS


"A pré-qualificação conferida pela Organização Mundial da Saúde para a nossa vacina contra a meningite meningocócica demonstra a alta capacitação científica e tecnológica atingida por Biomanguinhos, pois os procedimentos para a obtenção desta pré-qualificação são muito complexos, detalhados, exigentes e, por isso mesmo, apenas poucos laboratórios produtores de vacinas no mundo conseguiram obter a pré-qualificação da OMS. Biomanguinhos, junto com o CIGB/Cuba, são os únicos laboratórios produtores de vacinas da América Latina que têm a certificação. Portanto, mais uma grande e importante conquista, para qual a todos os colaboradores participaram e pela qual merecem efusivos parabéns", afirma o diretor do Instituto, Akira Homma.


Em 2006, na busca de alternativas para o suprimento mundial da vacina - os laboratórios internacionais interromperam a produção da vacina polissacarídica contra a meningite meningocócica A e C -, a OMS procurou Biomanguinhos e Instituto Finlay para viabilizar a produção do imunizante e evitar que a falta do produto impedisse o controle de epidemias na África. Em janeiro de 2007 os dois institutos estabeleceram um acordo de produção compartilhada para atender a produção emergencial da vacina com os quantitativos requeridos pela Organização. Inicialmente, o fornecimento seria feito para Burkina Faso, Chade, Costa do Marfim, Mali, Nigéria e Sudão.


Para atender a esta demanda, foi criado um plano de ação que vem contando com o esforço conjunto dos dois institutos e autoridades regulatórias dos dois países. O Instituto Finlay estabelece, a partir do lote semente e a tecnologia de Bimanguinhos, a produção dos polissacarídeos. Estes são fornecidos a Biomanguinhos para formulação, envasamento, liofilização, rotulagem, embalagem e controle de qualidade da vacina. Tem sido de fundamental importância o trabalho conjunto e parceria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Centro para el Control Estatal de la Calidad de los Medicamentos (Cecmed) - que, numa ação inovadora, constituíram um Comitê Regulatório que tem acompanhado e priorizado a implementação deste plano.


Biomanguinhos já forneceu cerca de 1,9 milhão de doses da vacina para Mali, que foram entregues diretamente ao país. Até 10 de março deste ano o Instituto vai fornecer mais 3,6 milhões de doses para a OMS - um milhão destas doses serão mantidas como estoque estratégico na Europa e as demais serão embarcadas para os países que fazem parte do Cinturão da Meningite, na África, em caso de epidemia. Até o final do ano, serão embarcadas mais seis milhões de doses da vacina.


O trabalho conjunto entre instituições produtoras e órgãos regulatórios também foi considerado um ponto positivo pelo diretor-adjunto do diretor-presidente da Anvisa, Norberto Rech: "Este processo demonstra, sem qualquer dúvida, que é possível e necessária a perfeita articulação dos entes de governo e das estruturas do Estado na construção dos caminhos que levem ao desenvolvimento de nossos países e a potencialização de nossas capacidades. Ganha o Brasil, ganha Cuba e ganham os milhões de seres humanos que necessitam desta vacina para sua sobrevivência, especialmente no continente africano", disse Norberto.


Em meados do ano passado, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, visitou a Fiocruz e ressaltou a importância da cooperação internacional para os países em desenvolvimento: "Para combater algumas epidemias como a de meningite na África, a vacinação é imperativa, mas tínhamos problemas em encontrar fornecedores. Quando a OMS contatou Biomanguinhos, a resposta foi imediata. Agradeço o que o governo brasileiro tem feito para melhorar a saúde do mundo", afirmou Chan na ocasião.

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