Início do conteúdo

09/11/2007

Nova vacina contra meningite A está a caminho – e ela vem da Índia

Fernanda Marques


A bactéria Neisseria meningitidis, causadora da meningite meningocócica, tem um novo inimigo. Uma vacina conjugada contra meningite A – que usa polissacarídeo do microrganismo do sorogrupo A combinado com um carreador protéico – foi desenvolvida no Instituto Serum, da Índia. Cerca de 70 adultos saudáveis daquele país participaram como voluntários da primeira fase dos estudos clínicos da nova vacina, que se mostrou segura e imunogênica. A segunda etapa, com 200 crianças entre 1 e 2 anos de idade no Mali e na Gâmbia, confirmou esses resultados. Atualmente, 1.340 pessoas – 900 na África, entre dois e 29 anos, e 340 na Índia, entre 2 e 10 anos – estão envolvidas nos testes, que podem resultar no lançamento de uma vacina mais vantajosa do que as disponíveis hoje.


O diretor do Instituto Serum, Suresh Jadhav, estará no Brasil para comentar esses e outros resultados. Ele participa, entre 11 e 14 de novembro, no Rio de Janeiro, da 8ª reunião anual da Rede de Produtores de Vacinas dos Países em Desenvolvimento (DCVMN, na sigla em inglês), da qual é presidente. O evento é promovido pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos) da Fiocruz.


Já existem há anos vacinas contra os sorogrupos A, C, W135 e Y da bactéria. São vacinas de polissacarídeo efetivas para prevenir a doença em adultos e em crianças mais velhas, sendo usadas também para controlar epidemias na África. Contudo, apresentam três pontos fracos principais: têm eficácia limitada em crianças menores de 2 anos de idade; conferem proteção por apenas dois a três anos; e não promovem a imunidade na massa populacional.


A nova vacina conjugada, além de ser mais imunogênica, pode oferecer outras vantagens, como o uso confiável em crianças com idade inferior a 1 ano e a indução de imunidade na massa populacional. “Diferentemente das vacinas atuais de polissacarídeo, usadas para controlar epidemias, a nova vacina conjugada será oferecida como uma medida preventiva”, diz Jadhav. “Isso significa que o uso difundido do produto pode ser planejado e financiado na ausência do temor e da confusão que caracterizam epidemias de meningite”.


Por isso, espera-se que a vacina conjugada tenha um grande impacto na saúde pública, sobretudo no Subsaara Africano, onde o sorogrupo A da N. meningitidis é responsável por até 85% da ocorrência da doença meningocócica epidêmica. Além disso, cada dose da nova vacina será vendida, inicialmente, por US$ 0,40 – “um preço baixo o suficiente para promover seu uso difundido na região”, segundo Jadhav.

Voltar ao topo Voltar