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04/09/2007

Alunos de oficina escola concluem curso e vão conhecer o patrimônio artístico de MG

Edna Padrão


A primeira turma da Oficina Escola de Manguinhos, projeto de educação profissional da Casa de Oswaldo Cruz (COC) da Fiocruz, conclui o curso e viaja para Ouro Preto em 17 de setembro. Na cidade mineira os alunos experimentarão as teorias estudadas sobre conservação e restauração de bens culturais edificados. No caminho farão uma parada em Belo Horizonte para conhecer o Museu de Artes e Ofícios e a Pampulha - onde, além da lagoa artificial construída na década de 40, poderão observar o conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer, que se tornou referência e influenciou toda a arquitetura moderna brasileira. Em Ouro Preto, o roteiro inclui visita aos prédios históricos tombados e à Fundação de Arte do município, instituição pioneira na conservação do patrimônio cultural, artístico e histórico nacional, estruturada em três núcleos: Arte, Conservação e Ofícios.


 Aluno em aula de estuque ornamental, usado para ornamentar edificações com argamassa (Foto: COC)

Aluno em aula de estuque ornamental, usado para ornamentar edificações com argamassa (Foto: COC)


A Oficina Escola de Manguinhos é uma ação de educação profissional técnica de nível médio em conservação e restauração do patrimônio arquitetônico, histórico e artístico, inserida na missão institucional do Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) da COC, oferece cursos de qualificação em ofícios da conservação e restauração de bens culturais. Ao todo, foram 270 horas de aulas subdivididas em teoria e especialização nos ofícios estuque ornamental (aplicação arquitetônica para ornamentar edificações a base de argamassa) e pinturas murais.


Esta primeira fase, denominada projeto piloto, foi viabilizada pelo convênio assinado com o Monumenta - programa estratégico do Ministério da Cultura financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com apoio técnico da Unesco. Segundo a coordenadora do projeto, Sonia Aparecida Nogueira, o resultado da primeira turma foi surpreendente. “Os jovens demonstraram grande vocação artística e aptidão para os ofícios ensinados”. Tanto foi positiva a experiência que, dos 48 alunos, 20 foram selecionados para atividades de extensão, se inserindo aos atuais projetos do DPH, como os da Colônia Juliano Moreira, Palácio Itaboraí, Manutenção do Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos e Igreja de São Daniel, o Profeta, entre outros, sob a supervisão dos profissionais responsáveis pelo trabalho.


 Parte dos alunos participará de atividades de extensão, como outros projetos na área de restauração, sob a supervisão de profissionais responsáveis (Foto: Peter Ilicciev)

 Parte dos alunos participará de atividades de extensão, como outros projetos na área de restauração, sob a supervisão de profissionais responsáveis (Foto: Peter Ilicciev)


Os jovens serão incluídos nos projetos conforme o perfil e a necessidade de cada setor. No caso da Igreja de São Daniel, por exemplo, participarão quatro alunos que residem em Manguinhos, uma vez que o prédio se localiza no bairro - que também abriga o campus da Fiocruz. Com projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer e pinturas sacras de Guignard, o templo foi inaugurado em 1960. Dado o valor da obra, foi tombada pelo Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (Inepac). Constava, inclusive, do roteiro turístico do então Estado da Guanabara. Cedo, porém, começou a sofrer por abandono devido à má conservação das ruas de acesso, das placas de sinalização e das próprias residências localizadas ao seu redor. O projeto para a igreja prevê o levantamento histórico e fotográfico, além do diagnóstico do prédio, baseados em teorias estudadas, como a evolução do conceito de patrimônio cultural, artes visuais, introdução à história da arquitetura, desenho de arquitetura, tecnologia da construção e outras.


 A Igreja de São Daniel, o Profeta, é uma das obras menos conhecidas de Oscar Niemeyer (Foto: COC)

A Igreja de São Daniel, o Profeta, é uma das obras menos conhecidas de Oscar Niemeyer (Foto: COC)


Para as arquitetas do DPH Bettina Collaro e Cristiane Cabreira, a experiência de ensinar na Oficina Escola foi enriquecedora, apesar das dificuldades encontradas. “Primeiro, ensinamos conceitos básicos para nivelar a turma, pois havia alunos que já sabiam alguma coisa e outros que nunca ouviram nada a respeito. Só depois é que passamos às aulas práticas”, afirma Bettina.


Atualmente, as duas profissionais se preparam para receber e orientar os jovens em algumas atividades de extensão. Bettina, à frente do projeto do Palácio Itaboraí, orientará sobre pintura mural, e Cristiane, no projeto do Centro de Documentação e Memória, trabalhará a reprodução do projeto físico com aplicação do desenho arquitetônico. “Achei bastante produtiva esta atividade de extensão. Não vejo muito sentido uma educação profissional sem esta fase de experiência. Talento, dom, já vimos que todos têm, a gente nasce com ele. Agora, aptidão a gente constrói”, conclui Bettina.

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