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02/07/2007

Discurso do presidente da Fiocruz no lançamento do CIPBR

Paulo Buss


Exmo. Sr. Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, querido amigo e, para orgulho nosso, pesquisador – e dos bons – desta casa centenária que é a Fiocruz.


Exmo. Sr. Luciano Coutinho, presidente do BNDES, a quem aprendemos a admirar por seus escritos econômico-sociais e que, ademais, nos estimulou profundamente com seu discurso de posse na presidência do BNDES, que intitulou ‘O futuro tem pressa’.


Demais colegas do Ministério da Saúde, do BNDES e da Fiocrz.


Senhoras e senhores:


Hoje é um grande dia para a Fiocruz. Respondendo às orientações políticas do Ministério da Saúde e com o apoio do BNDES iniciamos uma das fases mais importantes do projeto que começamos a desenvolver aqui na Fiocruz há 6 anos e meio, quando assumi a Presidência. Depois de um processo que vou descrever, chegamos a esta fase de construção da planta de protótipos e as instalações para a produção de biofármacos e modernos kits para diagnóstico das nossas principais doenças.


Uma das maiores preocupações que tínhamos, ao assumir a presidência da Fiocruz, em janeiro de 2001, era a de agregar às extraordinárias competências científicas e produtivas da Instituição, o componente de desenvolvimento tecnológico e inovação. Para isto, criamos dois programas inéditos na Fiocruz e, talvez, no país: o PDTIS, Programa de Desenvolvimento Tecnológico em Insumos para a Saúde; e o PDTSP, Programa de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde Pública.


Simplificadamente: com o primeiro, o PDTIS, pretendemos transformar conhecimento em produtos necessários para a saúde, fossem vacinas, medicamentos ou kits para diagnóstico. Com o segundo, o PDTSP, em parcerias entre academia e serviços, pesquisadores e gestores, queremos criar instrumentos para a gestão do sistema de saúde, em todos os seus componentes: sistemas, serviços – hospitais, ambulatórios, laboratórios – vigilâncias em saúde, saúde pública, enfim.


Aliamos ao desenvolvimento de produtos originais a incorporação de tecnologias maduras: trouxemos vacinas consagradas, como a vacina contra o Hemophilus influenza tipo B e a tríplice viral, contra sarampo, caxumba e rubéola; incorporamos biofármacos de alta importância econômica e sanitária, como a eritropoetina e o interferon alfa, em inédita cooperação Sul-Sul, com Cuba; contratamos a transferência tecnológica da insulina, com a Ucrânia; estamos em negociações para a transferência tecnológica da vacina contra o rotavírus, que ainda mata milhares de crianças por diarréia no Brasil; e estudamos a associação com Cuba para investir no desenvolvimento tecnológico do interferon peguilado e outros biofármacos.


Hoje, transcorridos 6 anos e meio, como disse, podemos atestar o sucesso desta estratégia combinada de desenvolvimento de tecnologias próprias e incorporação de outras tecnologias. Ampliamos o acervo de conhecimentos e capacidades tecnológicas ao patrimônio técnico-científico nacional e da Instituição e reduzimos expressivamente os gastos do governo com estes insumos. Além disso, em torno deste complexo produtivo da saúde, criamos Mestrados e Doutorados e já formamos dezenas de cientistas, tecnologistas e técnicos altamente qualificados para o país. Gerou-se riqueza, empregos, orgulho e auto-estima e, o que é mais importante, recursos, produtos muito necessários para a promoção, a prevenção e a recuperação da saúde dos brasileiros. Mas também participamos da generosa política externa do país, com a venda, venda subsidiada ou doações de muitos destes produtos para países da América Latina e da África, assim como com a transferência de tecnologias por nós dominadas, para países como Nigéria e Moçambique, para citar apenas alguns.


E precisamos avançar muito mais. Por isto, necessitamos deste Centro que hoje estamos estabelecendo, com os apoios do BNDES e do Ministério da Saúde.


O Centro Integrado de Protótipos, Biofármacos e Reativos para Diagnóstico completa um complexo de atividades da Fiocruz em busca de novos produtos ou produtos aperfeiçoados. Este processo começa nos laboratórios de pesquisa – que são mais de 150 nas diversas Unidades da Instituição – passa pelas plataformas tecnológicas e/ou pelo Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CTDS), é escalonado para os estudos clínicos na planta de protótipos e, finalmente, produzido em laboratórios de produção, que também comporão este edifício.


É compreensível, portanto, o entusiasmo de pesquisadores, tecnologistas, técnicos e gestores da Fiocruz neste dia.


Presidente Luciano Coutinho: vamos dar a mais eficiente destinação a cada real que estamos recebendo hoje do BNDES, através da Fiotec, integrando-nos a política desenhada pelo Banco para a área de farmoquímica. Disse V. Sa. no discurso de posse que (abre aspas): “também se afigura necessária uma estratégia de desenvolvimento mais consistente e ambiciosa que viabilize a produção competitiva de medicamentos relevantes, capitalize e fortaleça financeira e tecnologicamente as empresas brasileiras de capital nacional, estimule os investidores estrangeiros e tire proveito do inexplorado potencial derivado da biodiversidade brasileira. A coordenação do poder de compra do sistema brasileiro de saúde deve funcionar como alavanca desse processo, para impulsionar empreendimentos eficientes compreendendo, além dos fármacos, outros produtos, equipamentos e insumos”. Além disso, afirmou que: “O desenvolvimento precisa ter, definitivamente, a inovação tecnológica e o avanço científico como eixos estratégicos”.


A Fiocruz está preparada para responder, ‘com pressa’, como quer V. Sa. os desafios colocados pelo BNDES, interpretando as necessidades da população brasileira.


Ministro Temporão: o Centro que hoje o senhor lança aqui na Fiocruz é uma contribuição efetiva e imediata da SUA instituição à proposta de (abre aspas): “estabelecer uma estratégia nacional de desenvolvimento e inovação para o Complexo Produtivo de Bens e Serviços de Saúde no país, pensando a saúde como um espaço de produção, desenvolvimento, criação de empregos e de riqueza para a nação e como fator imprescindível ao desenvolvimento”, proposta levantada por V. Sa. no seu discurso de posse no Ministério da Saúde.


Esteja certo, Sr. Ministro, que a Fiocruz será inteiramente solidária com o grande projeto político que V. Sa. lidera no Ministério da Saúde, qual seja o de qualificar o sistema único de saúde brasileiro em todas suas dimensões respondendo, assim, de forma republicana e democrática, às imensas expectativas de desenvolvimento com eqüidade, depositadas no segundo mandato da Presidente Lula pela população brasileira.


Muito obrigado.

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