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26/06/2007

'Memórias do IOC' é a revista científica com maior índice de impacto da AL

Raquel Aguiar


Uma revista que foi criada por Oswaldo Cruz, um dos pioneiros da trajetória científica brasileira, sem dúvida já nasce com algo de especial. Do alto de seus 98 anos, consolidada como o primeiro periódico científico criado na América Latina, a Memórias do Instituto Oswaldo Cruz acaba de receber sua mais alta distinção: foi reconhecida como a revista científica de maior impacto na América Latina em 2006 pelo Journal of Citation Reports, a partir do índice calculado pelo Institute for Scientific Information (ISI), órgão internacional responsável por avaliar a relevância dos periódicos científicos indexados de todo o mundo.


 Tradição e ousadia: a fórmula do sucesso da <EM>Memórias do IOC</EM>, publicada desde 1909 

Tradição e ousadia: a fórmula do sucesso da Memórias do IOC, publicada desde 1909 


A revista, que é editada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fiocruz desde 1909 e garante acesso gratuito a seu conteúdo integral, obteve fator de impacto 1,208. Este índice é calculado pela divisão do número de vezes que os artigos publicados em um determinado periódico foram citados em trabalhos científicos nos últimos dois anos pelo número total de artigos publicados no período. Assim, o método do ISI permite, em parte, mensurar qual a relevância do conhecimento divulgado por cada revista científica. O fator de impacto obtido pelas Memórias é o maior alcançado por uma revista brasileira desde 2001, quando o periódico Computational and Applied Mathematics obteve índice de 1,5.


No ano passado, o índice de impacto das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz foi de 0,84, o que lhe conferiu o terceiro lugar no ranking geral de periódicos brasileiros. Segundo o atual editor da revista, o pesquisador do IOC Ricardo Lourenço, o que explica um avanço tão vertiginoso em apenas um ano é um criterioso processo de seleção. “Recebemos anualmente uma média de 300 trabalhos para análise e publicação. Desde 2005, o então editor, o pesquisador José Rodrigues Coura, e seus editores associados instalaram um sistema de pré-seleção dos manuscritos submetidos. Assim, os artigos vêm sendo pré-analisados por uma equipe de editores associados e especialistas, que fazem uma triagem segundo sua relevância científica e principalmente sua originalidade. Em seguida, os manuscritos são avaliados por dois ou até três referees especialistas”, diz Lourenço.


Coura, que esteve à frente das Memórias durante dez anos, mostra que a conquista não é mero acaso. “Desde 2004, existe um crescimento geométrico do volume de consultas à revista. Certamente, isso seria traduzido em um aumento do volume de citações”, afirma. “Esta é uma conquista que dependeu da dedicação de muitas pessoas. Fora a equipe executiva da revista, são cinco editores associados e um conselho editorial com 21 membros, além de um grande grupo de consultores ad-hoc”, afirma Lourenço.


O segredo para alcançar o apogeu aos 98 anos talvez esteja na fórmula que procura equilibrar a tênue fronteira entre tradição e ousadia. Fiel à proposta de divulgar novos conhecimentos na área de medicina tropical desde sua fundação, a Memórias do Instituto Oswaldo Cruz manteve-se atualizada com as tendências mais contemporâneas das publicações. “Prova disso foi a indexação internacional da revista nos anos 80, quando o pesquisador Eloi Garcia era editor”, avalia Lourenço. “A criação do site da revista e a disponibilização gratuita do conteúdo nos anos 90, durante a gestão do editor Hooman Momen, foi o seguinte passo, culminando com o sistema de submissão online de artigos implantado em maio deste ano, o que agiliza o processo desde o envio do artigo pelo autor até sua efetiva publicação, garantindo o dinamismo e atualidade dos conteúdos”, conclui.

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