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14/06/2007

Idosos têm gastos elevados com medicamentos em Belo Horizonte

Fernanda Marques


Um estudo feito em Belo Horizonte mostra que idosos têm gastos elevados com medicamentos adquiridos no setor privado. Veiculado na edição de junho da revista Cadernos de Saúde Pública, o trabalho foi desenvolvido em parceria pela Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais e pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz. Em média, os entrevistados usavam quatro medicamentos e gastavam R$ 123 por mês para a aquisição dos produtos no mercado privado. Esse valor pode ser considerado alto, uma vez que os participantes da pesquisa recebiam do INSS, em média, pouco mais de R$ 400.


 Para os pesquisadores, o uso de genéricos pode ser uma estratégia para o aumento da eficiência dos gastos com medicamentos por idosos, pois são comercializados a preços inferiores 

Para os pesquisadores, o uso de genéricos pode ser uma estratégia para o aumento da eficiência dos gastos com medicamentos por idosos, pois são comercializados a preços inferiores 


Foram entrevistados cerca de 670 aposentados e pensionistas com idade igual ou superior a 60 anos e quase 90% deles relataram uso de medicamentos nos 15 dias anteriores à pesquisa. Das drogas utilizadas, 75% haviam sido adquiridas no mercado privado, destacando-se as usadas no tratamento de problemas relacionados ao sistema cardiovascular, ao sistema nervoso e ao trato alimentar e metabolismo.


Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos mostra que, dos medicamentos usados, 34% são genéricos e estes correspondem a 11% dos gastos. Já a pesquisa da UFMG e da Fiocruz revela resultados diferentes em Belo Horizonte, onde os genéricos respondem por apenas 6% do uso e 4,7% dos gastos. A diferença entre os resultados americanos e mineiros pode ser explicada pelo fato de que, embora os genéricos constituam um mercado em crescimento no Brasil, a disponibilidade desses medicamentos nos Estados Unidos é maior e mais antiga.


“O uso de genéricos pode ser uma estratégia para o aumento da eficiência dos gastos com medicamentos por idosos, pois proporcionam os mesmos benefícios clínicos dos medicamentos de referência e são comercializados a preços inferiores”, diz o artigo, assinado por Marina Lima, Andréia Ribeiro e Francisco Acurcio, da UFMG, e Suely Rozenfeld e Carlos Henrique Klein, da Fiocruz. Os pesquisadores também investigaram o uso de medicamentos essenciais, preconizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e reconhecidos pelo melhor custo-benefício. Verificaram que os gastos com esses produtos são inferiores aos com medicamentos não-essenciais, o que demonstra a necessidade de divulgação e implantação do conceito de “essencialidade” no país.


O estudo da UFMG e da Fiocruz focou a população idosa porque ela vem aumentando rapidamente, o que demanda planejamento dos sistemas de saúde. “A promoção do uso de medicamentos essenciais, bem como a de genéricos, configura estratégia importante para aumentar a eficiência dos gastos, ademais de contribuir para incrementar a racionalidade do uso de medicamentos por esse grupo populacional”, enfatiza o artigo.

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