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21/05/2007

Conheça histórias de sucesso do programa que revela vocações científicas

Catarina Chagas e Fernanda Marques


Ela está há 16 anos na Fiocruz. Graduou-se em biologia. No mestrado, pesquisou uma possível forma de imunização contra a doença de Chagas. No doutorado, analisou frações celulares candidatas à vacina contra leishmaniose. Foi até a França estudar genética de camundongos no Instituto Pasteur. Retornou, mas já está de malas prontas para partir novamente rumo à consagrada instituição francesa, onde fará pós-doutorado sobre animais transgênicos. A trajetória, brilhante por si mesma, é também meteórica, se considerarmos a idade de Tânia Zaverucha: apenas 31 anos. A explicação para uma carreira tão precoce está no Programa de Vocação Científica (Provoc) da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) da Fiocruz, no qual Tânia ingressou aos 15 anos. Novos talentos para pesquisa são descobertos pelo Provoc desde 1986. Este ano, a 20ª turma da Etapa Iniciação concluirá a primeira fase do programa, com a Jornada de Iniciação Científica, nesta quinta-feira (17/05).


 Tânia vai viajar para a França, onde fará pós-doutorado sobre animais transgênicos (Foto: Ana Limp)

Tânia vai viajar para a França, onde fará pós-doutorado sobre animais transgênicos (Foto: Ana Limp)


Sessenta e oito alunos do Ensino Médio apresentarão pôsteres sobre os trabalhos que desenvolveram na Fiocruz ao longo de um ano. Muitos deles aprofundarão essas experiências durante mais dois anos, na Etapa Avançado, quando os estudantes terão nas mãos a responsabilidade de conduzir seu próprio projeto de pesquisa. Quem já fez aprova. “Foi o Provoc que me trouxe para dentro do laboratório. Entrei na faculdade e já tinha dois anos e meio de experiência na área”, lembra Tânia, que fez o Ensino Médio no Colégio de Aplicação (CAp) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e desde o início do Provoc até hoje atua no Departamento de Protozoologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fiocruz.


 Tânia: 31 anos de idade e 16 de Fiocruz (Foto: Ana Limp)

Tânia: 31 anos de idade e 16 de Fiocruz (Foto: Ana Limp)


Além do Cap-UFRJ, participam do programa os colégios Pedro 2º, Bennett e São Vicente, o CAp da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o Centro Educacional Anísio Teixeira (Ceat) e o Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Os alunos são apresentados ao Provoc nas suas próprias escolas, onde é feita uma pré-seleção dos candidatos que serão avaliados pela Fiocruz. A última etapa do processo é uma entrevista na Fundação.


De acordo com os interesses de cada um, os selecionados são distribuídos entre os diferentes setores da instituição. “Embora a Fiocruz esteja voltada à saúde pública, este tema não se restringe à pesquisa biomédica. Há setores relacionados à história, à comunicação e ao direito, entre outros”, explica a coordenadora do Provoc, Cristina Araripe.


No caso de Tânia, ela ainda não sabia ao certo qual profissão abraçar, mas já havia decidido que não seria na área de ciências humanas. “Fui apresentada a uma lista de laboratórios e marquei minhas preferências sem ter idéia do que significavam. O Departamento de Protozoologia não foi minha primeira opção, mas depois que entrei não saí mais”, conta. Mais tarde, após concluir a formação básica do curso de bacharelado em ciências biológicas, optou por seguir a modalidade de genética, que, na época, não tinha relação direta com seu trabalho na Fiocruz. “Hoje, está claro que ela ter feito genética foi uma grande vantagem para nós”, diz o parasitologista Sylvio Celso da Costa, chefe do departamento e orientador de Tânia desde o Provoc. “Atualmente, o conhecimento de genética é muito importante para o desenvolvimento das nossas atividades. No pós-doutorado no Pasteur ela aprenderá técnicas de transgenia que serão aplicadas aos modelos experimentais que temos aqui no laboratório”.


Muitos alunos do Provoc já foram orientados por Sylvio, que sabe identificar um novo talento para a ciência. “Uma das características essenciais é ser curioso. Se a pessoa não tem curiosidade, não tem vocação para fazer pesquisa científica”, assegura. O professor apostou em Tânia desde o princípio e viu a aluna crescer e se tornar peça importantíssima para os projetos do laboratório. Agora, após 16 anos de convívio, ficará longe dela por, pelo menos, um ano. Se está preparado? Responde sem pestanejar: “Não.”


Confira abaixo outras histórias de sucesso de quem começou a carreira científica no Provoc.


A futura advogada da saúde


História também é ciência


Malas prontas para a carreira científica


Trajetória meteórica


Ciência vence a timidez


De aluno a orientador


Da brincadeira à profissão


Um novato no mundo da pesquisa

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