Início do conteúdo

16/05/2007

De aluno a orientador

Catarina Chagas e Fernanda Marques


O patologista Marcelo Pelajo lembra bem o dia em que sua história na Fiocruz começou: 7 de abril de 1988. Na época com 15 anos, ele cursava o Ensino Médio no Colégio de Aplicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (CAp-Uerj) e foi selecionado para participar da segunda turma do Programa de Vocação Científica (Provoc) da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV). Foi designado para o Departamento de Patologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), onde deu os primeiros passos orientado pela pesquisadora Jane Lenzi. Hoje, é doutor e chefe do mesmo departamento.


“No início, eu vinha à Fiocruz toda quinta-feira à tarde para acompanhar as diferentes atividades desenvolvidas no laboratório”, lembra. “Depois, comecei meu próprio projeto, relacionado à histologia de um roedor de grande importância para a saúde pública”. Dessa época, ficaram gravadas na memória de Marcelo as tardes passadas na biblioteca, em busca de livros de referência para o trabalho. Dificuldades de uma época ainda não muito informatizada.


A experiência no Provoc ajudou a confirmar um desejo antigo: apesar de vir de uma família de engenheiros, arquitetos e contadores, Marcelo sonhava com a faculdade de medicina, que acabou cursando na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Eu queria ter contato com os pacientes, cuidar da questão assistencial, mas também desvendar os mecanismos de saúde e doença”, conta. “A passagem precoce pela Fiocruz aguçou meu espírito crítico em relação às informações que recebemos sobre assuntos médicos, me fez querer investigar e procurar respostas mais corretas para as minhas perguntas”.


A preocupação com os pacientes e com a pesquisa acompanhou o estudante em seu curso universitário, durante o qual permaneceu no Departamento de Patologia como bolsista de iniciação científica. Até sua formatura, em meados de 1996, Marcelo atuou em diversas linhas de pesquisa, destacando-se a hematologia experimental. Após a conclusão do curso, deu um salto até o doutorado no Programa de Biologia Celular e Molecular do IOC. “Eu já tinha alguns projetos e artigos publicados, então ingressei direto no curso de doutorado”, explica. “Minha motivação foi tentar desvendar os mecanismos de transplante de medula”.


Já doutor, Marcelo se afastou pela primeira – e por enquanto única – vez da Fiocruz, para fazer o pós-doutorado na Alemanha. Quando voltou, prestou concurso para a Fundação e retornou ao mesmo departamento que lhe apresentara o mundo da pesquisa em 1988.


Atualmente chefe do Departamento de Patologia, Marcelo já orientou vários alunos do Provoc. “É muito interessante perceber que vários deles voltaram ao departamento depois, como mestrandos ou doutorandos”, vibra. É uma forma de retribuir ao Programa aquilo que foi tão importante para o início de sua carreira. “Um dos grandes benefícios do Provoc para mim foi estar no laboratório antes da faculdade. A maioria dos adolescentes tem a imagem estereotipada do cientista, mas não sabe como a pesquisa realmente acontece. Com essa experiência, eu pude entender quem é e como trabalha o pesquisador, como é a profissão do cientista. Gostei e estou nela até hoje”.

Voltar ao topo Voltar