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29/09/2006

Tese ganha Prêmio de Incentivo ao Desenvolvimento e à Aplicação da Epidemiologia no SUS


Investigar a qualidade das informações sobre os óbitos hospitalares por infarto agudo do miocárdio (IAM), avaliar a sobrevida desses pacientes internados em hospitais públicos e estudar a distribuição espacial dos infartados nos bairros do Rio de Janeiro foram os objetivos da tese de doutorado Infarto agudo do miocárdio no município do Rio de Janeiro: qualidade dos dados, sobrevida e distribuição espacial, defendida por Enirtes Caetano Prates Melo, que ganhou o primeiro lugar no Prêmio de Incentivo ao Desenvolvimento e à Aplicação da Epidemiologia no SUS – 2006, concedido pelo Ministério da Saúde.


O prêmio será entregue no encerramento da 6ª Mostra Nacional de Experiências Bem Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi), em 17 de novembro, em Brasília. A tese tem formato de artigo e surgiu por meio de uma discordância nos dados de óbitos e de internações por IAM em dois hospitais do Rio de Janeiro. Enirtes foi orientada pelas pesquisadoras Cláudia Travassos, do Centro de Informação Científica e Tecnológica (Cict), e Marília Sá Carvalho, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp), duas unidades integrantes da Fiocruz.


Enirtes afirma que o primeiro passo para desenvolver a tese foi analisar os prontuários para avaliar a confiabilidade dos dados. Apesar de ter idêntica natureza jurídica - os hospitais são do mesmo município - havia uma grande discrepância no processo de trabalho com esses dados. O segundo passo foi acompanhar a sobrevida de pacientes infartados. “Acompanhamos os pacientes dois meses após o infarto. Passamos a observar que as mulheres possuem uma sobrevida mais baixa, que na medida em que a idade avança a sobrevida é mais baixa e que havia uma diferença muito grande entre os hospitais. Tudo já citado pela literatura acadêmica. Os hospitais estaduais, por exemplo, tinham um excesso de risco presente, mostrando que a própria natureza jurídica diferencia muito. No entanto, quando o paciente vai a um hospital vinculado ao SUS ou municipal, a sua chance de sobreviver varia de acordo com a escolha do hospital”, disse.


Outro aspecto estudado diz respeito ao volume de internação. Enirtes ressalta que os hospitais que têm um volume de internação baixo apresentam sobrevida menor. “O que acontece é que, em geral, o paciente busca a unidade mais próxima da sua residência e isso significa que pode haver uma concentração de risco em uma área da cidade”, revelou. Em função desse aspecto, surgiu o terceiro artigo, que estuda a distribuição espacial dos IAM nos bairros do Rio de Janeiro. Nesse caso, a tese confirma que existe uma diferença do risco, ou seja, existem áreas que agregam uma concentração maior do infarto. “O padrão de sub-risco de mortalidade por IAM observado na Zona Oeste não condiz com o perfil de desigualdade social e acesso aos serviços de saúde observados na área. O risco de morrer por IAM foi subestimado em função da alta proporção de óbitos por causa mal definida na área. Outro aspecto relata que os infartados tendem a ser atendidos próximo ao local de suas casas, e isso pode ser explicado pelo fato de o infarto ocorrer mais freqüentemente nas primeiras horas da manhã e durante a noite”.


Enirtes dividiu a primeira colocação da categoria doutorado com a professora Marilene Rocha dos Santos, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp). No entanto, o reconhecimento dos profissionais de saúde e a possibilidade de aplicação da tese no SUS são os maiores prêmios para a vencedora. “O desejo de todo o investigador é ter um trabalho que possa derivar um conhecimento aplicável. A Ensp proporciona isso, com um programa de pós-graduação sólido, voltado para a aplicação dos trabalhos. Esse prêmio é fruto de um esforço contínuo que começou quando era aluna da iniciação científica. Atualmente, sou professora da UniRio e acho que esse trabalho traz uma grande responsabilidade, tanto para a minha instituição quanto para a Esnp”.


Fonte: Informe Ensp

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