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10/06/2006

Estudo pretende desenvolver método para diferenciar cepas de peste brasileiras

Bruna Cruz


Apesar de o Brasil ter desenvolvido um trabalho de controle e vigilância da peste ao longo das últimas cinco décadas, ainda não é possível saber se a linhagem brasileira da Yersinia pestis, bactéria que provoca a doença, sofreu mutações ao longo do tempo, ou até mesmo de um foco para outro. Para poder verificar se isso aconteceu, o Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM) está desenvolvendo um trabalho que visa testar duas técnicas moleculares - a MLVA-PCR e a eletroforese em gel de campo Pulsado (PFGE) - na diferenciação da cepa e no diagnóstico da doença. O intuito é ter uma ferramenta eficiente e que possa ser usada pelo Serviço de Referência em Peste e Hantavírus do centro de pesquisa. Resultados iniciais do projeto mostram que as técnicas são bastante sensíveis e apresentam diferenças entre as amostras analisadas.


De acordo com a pesquisadora do Departamento de Microbiologia do CPqAM e coordenadora do estudo, Tereza Cristina Balbino, não ter uma técnica capaz de identificar as diferenças entre as linhagens da Yersinia pestis originadas de diferentes focos é um risco, pois, nessas condições, seria quase impossível identificar, por exemplo, a introdução de uma nova espécie no país.


Segundo a pesquisadora, apesar de estudos do próprio CPqAM já terem testado outras técnicas para identificação e diferenciação das amostras dos focos brasileiros de peste, elas não demonstraram diferenças entre as cepas isoladas em diferentes períodos, locais e reservatórios. "Não pudemos, até hoje, estabelecer uma correlação entre as cepas e as características epidemiológicas dos materiais isolados", comenta.


O desenvolvimento de um método de diferenciação das cepas brasileiras também reforçaria a parceria do CPqAM com a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, junto com a qual atua nas atividades de diagnóstico e controle da peste nos focos brasileiros. O projeto tem duração de dois anos e foi recentemente aprovado pelo Programa Estratégico de Apoio à Pesquisa em Saúde 4 (Papes 4) da Fiocruz.


No Brasil, a incidência de peste declinou na década de 1990, mas, em fevereiro de 2005, foi registrado um caso humano no Ceará, o que mostra que a vigilância ainda é necessária em todos os focos. A doença está incluída entre as reemergentes devido à ocorrência de epidemias em vários países e do surgimento de cepas resistentes. A peste é transmitida ao homem quando este entra em contato com roedores e suas pulgas e exige notificação obrigatória.

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