19/09/2013
Motivados principalmente pela curiosidade ou pela vontade de sentir os efeitos associados ao uso decrack e de outras formas similares de cocaína fumada - pasta-base, merla e oxi -, os usuários dessas drogas não se limitam a elas e fazem uso de diversas substâncias psicoativas. Entre as mais comuns estão o álcool e o tabaco. A constatação está no levantamento Perfil dos usuários de crack e/ou similares no Brasil, divulgado nesta quinta-feira (19/9) pelos ministérios da Justiça e da Saúde. O objetivo da pesquisa, encomendada pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) à Fiocruz, foi identificar as principais características dessa parcela da população, considerada de difícil acesso ou oculta.
De acordo com o levantamento, os dados evidenciam a necessidade de ações integradas de tratamento para o uso decrack e de outras drogas. O estudo aponta que, além da curiosidade, há outros fatores determinantes para o início do consumo. Entre eles, a pressão de amigos, citada por 26,7% dos usuários e problemas familiares ou perdas afetivas (29,2%). O preço do crack, menor que o da cocaína inalada, não é o motivo central para o início do consumo da droga, o que foi relatado por menos de 2% dos usuários. Na opinião dos pesquisadores, trata-se mais de um fator associado à manutenção do consumo uma vez que financiar o hábito demandaria menos recursos.
A pesquisa mostra que o tempo médio de uso dessas drogas é mais longo nas capitais, onde dura em média oito anos. Nos demais municípios, se estende por aproximadamente cinco anos, dado que sugere "que o uso da droga vem se interiorizando mais recentemente". Os pesquisadores ressaltam, ainda, que essa constatação contradiz as notícias comumente veiculadas segundo as quais "usuários de crack e similares teriam sobrevida necessariamente inferior a três anos de consumo". Os pesquisadores mostraram, também, que mais da metade dos usuários utilizam as drogas diariamente. Nas capitais, os usuários fumam, em média, 16 pedras por dia e nos demais municípios, 11 pedras.
Edição: Marcos Chagas