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10/06/2015

Fiocruz Amazonas descobre novo vírus que afeta crianças

Camila Carvalho / Ascom Fiocruz Amazonas


A doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazonas), Patrícia Puccinelli Orlandi, e o pesquisador do Laboratório de Medicina da Universidade da Califórnia, em São Francisco (EUA), Tung Gia Phan, descobriram um novo tipo de vírus que causa diarreia e paralisia flácida temporária nos membros inferiores de crianças de 0 – 5 anos de idade. O vírus também pode causar encefalite e levar a morte.

A partir da análise molecular das fezes de crianças com diarreia, atendidas em prontos-socorros de Manaus, os pesquisadores encontraram, pela primeira vez no Brasil, o vírus do gênero Gemycircularvirus que causa, além da diarreia, paralisia flácida temporária nos membros inferiores. A descoberta foi publicada em um artigo, em abril deste ano, na revista Virology, disponível para acesso público.

“A paralisia nos membros inferiores, ou seja, nas pernas, não é simplesmente a fraqueza que dá após longos períodos diarreicos. É uma paralisia total, com impossibilidade de andar por até duas semanas”, disse a pesquisadora da Fiocruz Amazônia.

Segundo Patrícia Orlandi, de 2007 a 2009, pesquisadores da Fiocruz Amazonas coletaram 1,5 mil amostras de fezes de crianças, de 0 a 10 anos, com diarreia atendidas no Hospital e Pronto Socorro João Lúcio e na Policlínica da Codajás (PAM Codajás), em Manaus, para analisar quais tipos de vírus e bactérias mais acometem as crianças na capital do Estado.

O estudo recebeu aporte financeiro do governo do Estado, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no âmbito do Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS).

“O pesquisador da Califórnia (Tung Gia Phan) viu nosso estudo e entrou em contato conosco solicitando 600 amostras para analisar com relação a novos tipos de vírus. Em cinco das 600 amostras ele encontrou o novo vírus do gênero Gemycircularvirus. Parece pouco, mas significa dizer que o vírus está circulando e que temos de melhorar o diagnóstico para que haja tratamento adequado e o quadro não se agrave”, disse Patrícia Orlandi.

Kit de diagnóstico

Diante dos resultados, Patrícia Orlandi informou que está iniciando um estudo para o desenvolvimento de um kit de diagnóstico rápido do vírus Gemycircularvirus. “Com o desenvolvimento de um kti para diagnóstico, auxiliaremos na vigilância epidemiológica de um vírus que é tão agressivo e que, até então, era desconhecido”, disse.

Patrícia Orlandi explicou que a transmissão do novo tipo de vírus é feita de forma focal/oral, ou seja, a partir do consumo de água e fezes contaminada. Atualmente, o diagnóstico só pode ser feito após a análise molecular das fezes do paciente. “Tentaremos descobrir, ainda, se o vírus está circulando na região Amazônica para diminuir a incidência de casos”, esclareceu a pesquisadora.

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