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06/05/2011

Entendendo a gravidez tardia: riscos e cuidados no pré-natal

Irene Kalil


As mudanças culturais que ocorreram nas últimas décadas provocaram transformações radicais na estrutura das famílias. Entre as mais importantes, está um fenômeno muito comum na sociedade atual: a chamada gravidez tardia, ou seja, de gestantes que terão 35 anos de idade ou mais no momento do parto. A crescente participação das mulheres no mercado de trabalho, o desenvolvimento de métodos anticoncepcionais seguros e o aumento da expectativa de vida do brasileiro são alguns dos fatores que contribuem para a decisão de adiar os planos de maternidade. O único problema é que o corpo biológico da mulher insiste em ditar as regras sobre a melhor hora para engravidar. Nesta entrevista, a responsável pelo Ambulatório de Pré-Natal do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Carmem Lúcia Cunha, fala dos riscos de uma gravidez tardia e dos cuidados que as mulheres que decidem ser mães com mais idade não podem deixar de ter antes e durante a gestação.


 Carmem Cunha: Não existe um padrão universal sobre a idade ideal para engravidar. 

Carmem Cunha: Não existe um padrão universal sobre a idade ideal para engravidar. 





Do ponto de vista biológico, qual a idade ideal para engravidar?



Carmem Cunha:
Não existe um padrão universal sobre a idade ideal para engravidar. Os limites de idade materna que podem representar risco para a mãe e para o feto variam com o passar dos anos e de acordo com a região geográfica avaliada. Na realidade brasileira, consideramos que a melhor fase biológica para engravidar situa-se entre 19 e 30 anos. A partir dessa idade, ocorre um declínio na fertilidade da mulher, com a diminuição dos óvulos e da qualidade deles também, o que reduz as chances de uma gestação natural.



Quais são os principais riscos para quem engravida aos 35 anos de idade ou mais?



Carmem Cunha:
Já existe um consenso sobre a existência de maior risco em gestações de mulheres nessa faixa etária. Isto se deve tanto ao amadurecimento ovariano quanto à frequência aumentada de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, que podem acarretar riscos para a gravidez e o aumento de complicações neonatais, como prematuridade, baixo peso ao nascer e outros. Também é mais comum vermos a ocorrência de abortamentos espontâneos nos primeiros três meses de gestação, anomalias cromossômicas e gestações múltiplas, além de uma maior predisposição a complicações no trabalho de parto e pós-parto.



Que cuidados não podem faltar no pré-natal de uma gravidez tardia?



Carmem Cunha: Em geral, o acompanhamento dessas gestantes não precisa ser diferente do habitual. Um pré-natal de qualidade associado ao planejamento da gestação pode minimizar os possíveis riscos inerentes à gravidez tardia. É importante realizar o controle clínico e medicamentoso de doenças preexistentes antes e durante a gestação, consumir ácido fólico a partir dos 30 dias antes da concepção e até o terceiro mês de gravidez, manter uma alimentação adequada e fazer atividade física regular com orientação, além de evitar o consumo de álcool e tabaco. Em alguns casos, podem ser recomendados o aconselhamento genético com especialista e a realização de exames fetais complementares.



Publicado em 6/5/2011.

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