Agência Fiocruz de Notícias

Um dos principais empreendimentos da história da Petrobras, segundo a empresa, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) marca a retomada da atuação da companhia no setor petroquímico. Irá transformar o perfil socioeconômico de sua região de influência - que inclui os municípios de Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Guapimirim, Itaboraí, Magé, Maricá, Niterói, Nova Friburgo, Rio Bonito, Rio de Janeiro, São Gonçalo, Saquarema, Silva Jardim, Tanguá e Teresópolis - e consolidar o Estado do Rio de Janeiro como grande concentrador de oportunidades de negócios no setor de petroquímicos.

O Complexo será construído numa área de 45 milhões de metros quadrados, com investimentos previstos em torno de US$ 8,38 bilhões. A produção de resinas termoplásticas e combustíveis consolidará o Rio de Janeiro como grande concentrador de oportunidades de negócios no setor, estimulará a instalação de indústrias de bens de consumo, que têm, nos produtos petroquímicos, suas matérias-primas básicas, e irá gerar perto de 212 mil empregos diretos, indiretos e efeito renda, em âmbito nacional.

Por meio de uma parceria com a empresa petrolífera e as prefeituras, a Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) faz um acompanhamento analítico da evolução das doenças e agravos na área de abrangência do Comperj, visando minimizar o risco de adoecimento e morte no decorrer do processo de implantação do complexo. Uma cerimônia na sede da Prefeitura de Cachoeiras de Macacu formalizou o convênio entre a Ensp e o município, bem como oficializou o lançamento do Observatório de Situação em Saúde - espaço que vai compartilhar as informações de diferentes bases de dados, de técnicos e comunidades locais para viabilizar a elaboração de pautas e temas prioritários para as ações de prevenção e controle. Após a solenidade, o prefeito de Cachoeiras de Macacu, Rafael Miranda, concedeu entrevista ao Informe Ensp, na qual abordou os benefícios que o Comperj trará para a região e ressaltou a importância da participação da Escola para um desenvolvimento saudável e sustentável.

O que significa para o Estado do Rio de Janeiro a instalação do Complexo Petroquímico (Comperj) no município de Itaboraí?

Rafael Miranda: O Comperj representa esperança de que o município tenha a oportunidade, junto com os outros que compõem o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento do Leste Fluminense (Conleste), que, além de Itaboraí, reúne Niterói, São Gonçalo, Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Guapimirim, Magé, Maricá, Rio Bonito, Silva Jardim e Tanguá, de se desenvolver economicamente, gerando emprego, renda e melhorando a qualidade de vida. Sua produção estimulará a instalação, nesses municípios, da área de influência do empreendimento, de indústrias de bens de consumo, que têm, nos produtos petroquímicos, suas matérias-primas básicas. Enxergamos uma nova oportunidade para a nossa região, mas, ao mesmo tempo, nosso maior desafio é o desenvolvimento com a qualidade de vida.

Com início de operação previsto para 2012, o Comperj tem por principal objetivo aumentar a produção nacional de produtos petroquímicos, com o processamento de cerca de 150 mil barris/dia de óleo pesado nacional e a geração de mais de 200 mil empregos diretos, indiretos e por "efeito-renda", durante os cinco anos da obra e após a entrada em operação; todos em escala nacional.

Temos exemplos recentes de municípios que sofreram profundas mudanças em sua economia e cultura por conta da indústria do petróleo. Há experiências bem-sucedidas, mas também casos de crescimento desordenado, favelização, falta de segurança pública. Como não repetir esses erros?

Miranda: No caso do Comperj, percebemos que a Petrobras e os municípios que compõem a região estão preocupados em realizar ações preventivas para que os erros do passado não sejam cometidos novamente. Temos exemplos de municípios que, após o descobrimento do petróleo, possuem um dos maiores índices de violência do estado. Portanto, dessa forma, é preciso que tenhamos equipamentos públicos para prevenir o crescimento desordenado, as construções irregulares e preservarmos nosso meio ambiente. Como disse anteriormente, queremos nos desenvolver, mas com responsabilidade.

Como o senhor vê a participação da Ensp nessa iniciativa de crescimento com responsabilidade?

Miranda: Uma das coisas que mais nos preocupam, sem sombra de dúvidas, é a saúde. Dentre os problemas que vamos enfrentar, como o crescimento e a urbanização, por exemplo, a saúde é o de maior complexidade. Isso porque saúde não fecha, fica aberta 24 horas por dia. Atualmente, possuímos uma população de 60 mil habitantes e temos estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e da Fundação Getúlio Vargas de que o número de habitantes de Cachoeiras deverá triplicar. Portanto, como iremos fazer investimentos inteligentes e eficazes sem conhecimento? É aí que a participação da Ensp torna-se fundamental. Conhecimento é tudo. Por meio do conhecimento e expertise da Escola, poderemos criar políticas públicas eficientes, preventivas e inteligentes para todas as áreas, não só para a saúde. Essa ação com os municípios de Itaboraí, Cachoeiras de Macacu e Guapimirim será fundamental para nós. Tem gente que ainda não percebeu as mudanças que o Complexo trará para a região. Por isso, estar com uma instituição que nos dá conhecimento e embasamento científico é fundamental.

Como os municípios da região veem essa parceria?

Miranda: O Comperj está previsto para entrar em operação em 2012, e a gente procura sonhar com um futuro que envolve desenvolvimento, geração de renda e emprego, bem como melhoria da qualidade de vida da população, com preservação do ambiente e qualificação das pessoas. Hoje é um dia que ficará marcado para todos nós. Essa parceria deve servir como um legado para que possamos fazer esses investimentos em todas as áreas. Hoje nos sentimos mais fortalecidos, com uma família mais estável e sabendo que estamos buscando um futuro melhor para a região.

Publicado em 9/4/2010.