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24/11/2017

Dia Internacional do Doador de Sangue: especialista esclarece mitos e estimula ação

Juliana Xavier (IFF/Fiocruz)


Para reforçar a importância da doação de sangue, sensibilizar novos doadores e fidelizar os que já existem, o dia 25 de novembro é considerado o Dia Internacional do Doador de Sangue. O sangue funciona como um transportador de substâncias de extrema importância para o funcionamento do corpo e não pode ser substituído por nenhum outro líquido. Por este motivo a doação é tão importante.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o percentual ideal de doadores para um país esteja entre 3,5% e 5% de sua população. No Brasil, esse número é preocupante, pois não chega a 2%. Esta quantidade, ainda sofre uma queda alarmante durante os feriados e as férias, períodos em quem os hemocentros operam com menos que o mínimo necessário.

“O baixo estoque impacta diretamente a quantidade de procedimentos realizados, com suspensão de cirurgias e transplantes, afetando, também, a qualidade do atendimento dos pacientes com distúrbios hematológicos, crônicos e agudos. Atualmente, para conseguir atender ao número de hemorragias nas vítimas de violência é necessário um aumento significativo de doadores de sangue”, explicou a coordenadora de Hemoterapia do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Maria Cristina Pessoa dos Santos.

Com o objetivo de estimular a doação de sangue, Maria Cristina Pessoa dos Santos esclarece os principais mitos em torno da doação de sangue.

IFF/Fiocruz: Quem doa sangue uma vez tem que continuar doando pelo resto da vida?

Maria Cristina: Não. A doação de sangue não é vitalícia. O doador tem total liberdade para decidir quando e se tem interesse em doar.

IFF/Fiocruz: A doação "engrossa" o sangue, entupindo as veias?

Maria Cristina: Não. A doação de sangue não causa nenhum prejuízo à saúde do doador.

IFF/Fiocruz: A doação faz o sangue "afinar", "virar água", provocando anemia?

Maria Cristina: Não. O candidato a doação de sangue é avaliado antes de doar, com exames de sangue e avaliação clínica, para evitar que a doação cause algum mal ao doador. Aqueles com taxas baixas de hematócrito são impedidos de doar.

IFF/Fiocruz: Doar sangue engorda ou emagrece?

Maria Cristina: A doação de sangue não é capaz de influenciar no peso do doador.

IFF/Fiocruz: Mulheres menstruadas não podem doar sangue?

Maria Cristina: Podem sim, se os valores do exame de sangue (hematócrito) não indicarem risco de anemia.

IFF/Fiocruz: "Posso ficar sem sangue suficiente"?

Maria Cristina: Não. Em cada doação, são coletados no máximo 450 ml de sangue, o que é menos do que 10% do volume sanguíneo total de um adulto, por esse motivo só é permitida a doação por pessoas acima de 50 kg. A quantidade é calculada conforme o peso do doador.

IFF/Fiocruz: Os doadores correm risco de contaminação?

Maria Cristina: Não. Todo material só é utilizado uma vez, é descartável.

IFF/Fiocruz: Como é realizada a doação de sangue? Quais são os passos?

Maria Cristina: 1) Cadastro: O doador, portando um documento oficial com foto, é cadastrado e recebe um questionário para ser respondido. Esse questionário tem o objetivo de avaliar se há alguma situação ou doença que impeça a doação de sangue, portanto as respostas devem ser sinceras e qualquer dúvida deve ser esclarecida na próxima etapa - a triagem clínica. 2) Triagem clínica: O doador é entrevistado e examinado por profissional de saúde, em local que garanta a privacidade e o sigilo das informações. Esse profissional verifica as respostas do questionário e avalia pessoas com alto risco de transmitir doenças pelo sangue. O doador deve ser consciente de que as suas respostas são muito importantes para garantir a sua integridade física, bem como a de quem vai receber o seu sangue. A segurança do paciente que recebe transfusão começa com o doador. 3) Coleta de sangue: A coleta de sangue dura no máximo 10 minutos. Todo o material utilizado é estéril e descartável. Não há risco de contrair doenças doando sangue. 4) Lanche: Após a doação o doador recebe um lanche e informações sobre os cuidados básicos que devem ser tomados após a coleta do sangue.

IFF/Fiocruz: Quanto tempo demora para o organismo repor os níveis anteriores à doação?

Maria Cristina: A reposição do volume de plasma ocorre em 24 horas e a dos glóbulos vermelhos em 4 semanas. Entretanto, para o organismo atingir o mesmo nível de estoque de ferro que apresentava antes da doação, são necessárias 8 semanas para os homens e 12 semanas para as mulheres. Esses são os intervalos mínimos entre as duas doações de sangue.

Há critérios que permitem ou que impedem a doação de sangue, eles são determinados por normas técnicas do Ministério da Saúde e visam à proteção ao doador e a segurança de quem vai receber o sangue [clique aqui para saber mais].

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