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21/05/2013

Nova 'Memórias do IOC' traz estudos sobre as propriedades terapêuticas do sisal


A edição de maio da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), disponível online gratuitamente, traz achados inéditos sobre a propriedade analgésica e anti-inflamatória do sisal, planta usada, tradicionalmente, na confecção de cordas, fios e tapetes. Consta na edição, ainda, um perfil epidemiológico, clínico e microbiológico da candidemia, realizado a partir de amostras colhidas entre 1994 e 1999 e entre 2000 e 2004 em São Paulo. A distribuição de triatomíneos na região Centro-Oeste também é tema deste número, bem como a identificação e caracterização de cepas de Mycobacterium bovis, bactéria causadora da tuberculose bovina, em pacientes diagnosticados com tuberculose em Minas Gerais. Confira toda a edição aqui.

O sisal (Agave sisalana) é uma planta com propriedades anti-inflamatórias e analgésicas

 

Candidemia

Presentes naturalmente na flora vaginal e no sistema digestivo, o fungo do gênero Candida pode se transformar em uma ameaça para pacientes imunodeprimidos e hospitalizados. Dentre os quadros mais comuns, estão as infecções locais, como a candidíase, e as sistêmicas, chamadas candidemias – fatais em 50% dos casos. Com o objetivo de traçar um perfil epidemiológico, clínico e microbiológico da doença, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) analisaram 388 amostras positivas para candidemia, colhidas de pacientes entre 1994 e 1999 e entre 2000 e 2004. Histórico de câncer e uso recente de antibióticos foram identificados como fatores de risco, sendo a Candida albicans a espécie responsável por 42,4% dos casos. Resistência ao fluconazol, antifúngico mais utilizado contra o organismo, ocorreu em 2.47% das cepas testadas. Entre 2000 e 2004, a candidemia foi mais recorrente em indivíduos idosos com quadros cardíacos, pulmonares, hepáticos e de insuficiência renal, e em pessoas hospitalizadas com acesso venoso central ou sob tratamento de antibióticos. O estudo atenta, ainda, para a alta taxa de mortalidade de 55,4%.

Tuberculose bovina nas cidades

Embora a maioria dos casos de tuberculose seja causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, a ocorrência de infecção em humanos por Mycobacterium bovis, que causa a tuberculose no gado, tem chamado a atenção dos cientistas nos últimos anos. No México e nas regiões de fronteira com os Estados Unidos, estudos vêm relatando a reemergência da zoonose e a comprovação de que a transmissão do patógeno não ocorre apenas de animais para humanos, como, também, entre humanos. Além disso, surtos da forma multirresistente da bactéria já foram registrados em pacientes hospitalizados com HIV. Realizado em parceria por pesquisadores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz); e Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG), este estudo identificou, a partir da caracterização molecular e fenotípica, traços de coinfecção por M. bovis em três das 189 amostras de materiais biológicos colhidos de pacientes diagnosticados com tuberculose em Juiz de Fora. Os pesquisadores estimam que dois dos três pacientes contraíram a M. bovis através do consumo de queijo não-pasteurizado, que a mantém viável.

Uso terapêutico do sisal

Utilizado para a produção de cordas e tapetes, o sisal (Agave sisalana) é uma planta com propriedades anti-inflamatórias e analgésicas. É o que diz a pesquisa desenvolvida por especialistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade Federal de Goiás (UFG). Foram utilizados modelos experimentais de camundongos com quadros inflamatórios agudos na orelha, pata e pulmão (pleurisia). A administração oral de 10mg/kg de HFAS, substância obtida a partir da planta, foi capaz de reduzir em 71% o edema na orelha, em 42% o edema na pata e a pleurisia em 41%. A identificação de novas substâncias anti-inflamatórias não-esteroidais é importante para o desenvolvimento de abordagens terapêuticas alternativas para doenças como a arteriosclerose, obesidade, câncer e agravos obstrutivos pulmonares crônicos, como a asma.

Distribuição de triatomíneos

A distribuição geográfica de espécies de triatomíneos – os vetores da doença de Chagas – na região Centro-Oeste brasileira é tema deste estudo, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB); Secretaria de Estado de Saúde do Mato Grosso do Sul; Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (GO) e Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá (MT). Foi constatado que toda a região apresenta condições climáticas que favorecem a ocorrência de pelo menos uma espécie, e que o Triatoma sordida e o Rhodnius neglectus têm distribuição mais vasta no território. O bioma que apresentou fauna mais diversificada de triatomíneos foi o Cerrado, superando a faixa de floresta Amazônica encontrada no norte do Mato Grosso. Por outro lado, o Mato Grosso foi o estado com maior incidência destes vetores, uma vez que abriga três biomas distintos: Cerrado, Pantanal e Floresta Amazônica. O estudo sugere que as regiões mais secas do Centro-Oeste estão mais vulneráveis ao vetor sinantrópico, ou seja, que invade os domicílios, sugerindo, desta forma, um reforço na vigilância entomológica da região.

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