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15/08/2008

O começo de tudo

Edna Padrão


Dalton Mario Hamilton nasceu em 15 de agosto de 1932, em Buenos Aires. Cursou o primeiro e segundo graus em colégio público e formou-se em medicina pela Universidade Pública de Buenos Aires, em 1958. Naquela época, estudar em estabelecimentos públicos era uma característica da própria organização da educação na Argentina. Quanto à sua vocação pela medicina, afirmava não saber como surgiu. “Não sei porque surgiu a medicina. Naquela época não apareciam os grandes médicos da televisão para orientar vocações”, dizia Mario.

 

 Mario Hamilton (à direita), em reunião na Fiocruz
Mario Hamilton (à direita), em reunião na Fiocruz

Devido à morte do pai e tendo que se auto-sustentar, aos 14 anos ingressou em uma companhia de seguros. Apesar da insistência de seu chefe para que fizesse administração, não abandonou o desejo de ser médico. Formou-se em 1958, quando começou a trabalhar como pediatra em um hospital público. A relação de Mario Hamilton com a saúde pública começou com sua atuação em campanhas de diarréia estival, de 1959 a 1962, no governo de Arturo Frondizi, quando havia uma alta taxa de mortalidade infantil por desidratação no interior da Argentina.

Ainda no governo Frondizi, em 1959, se deu a criação da Escola de Saúde Pública da Argentina. O curso, segundo Mario Hamilton, era tradicional. Tinha disciplinas como administração, saneamento, estatística, epidemiologia e outras. Era fundamentalmente técnico. A diferença em relação ao processo de formação brasileiro se encontrava na experiência hospitalar, na vivência de hospital público. “Não existia essa dicotomia, como no Brasil, entre saúde pública e atenção médica”, afirmava.

 

 Mario Hamilton (à direita) e o governador do Rio de Janeiro, Moreira Franco, no final dos anos 80
Mario Hamilton (à direita) e o governador do Rio de Janeiro, Moreira Franco, no final dos anos 80

Relatos precisos das campanhas em que trabalhou confirmam que Mário Hamilton se identificava, em princípio, com o desenvolvimentismo de Frondizi. Só mais tarde, quando voltou à Argentina com o título master of science obtido na Universidade de Michigan (EUA), passa a ter uma postura política totalmente diferenciada. Atua na ala da juventude peronista, elaborando, em 1973, um programa de saúde para o Partido Justicialista.

Uma de suas grandes contribuições para a saúde pública argentina foi a implantação, a partir de 1964, do Programa de Estatísticas Vitales e Información Básica para los Servicios Públicos de Salud, em Tucumán (no nordeste argentino). A experiência foi estendida a todo o país.

Fonte: Acervo da Casa de Oswaldo Cruz (COC)

* As informações acima foram obtidas na transcrição da entrevista de 15 horas, concedida ao projeto Memória de Manguinhos, do Programa de História Oral, do Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz. Os interessados nas memórias de Mario Hamilton e de outros pesquisadores  podem consultar os resumos publicados ou obter os documentos integrais na Sala de Consulta (sala 416) do prédio da Expansão da Fiocruz (Avenida Brasil 4.036, Manguinhos, Rio de Janeiro). Telefone:

21 3882-9124.

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