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04/04/2007

Ocorrência de peste no Ceará diminuiu, mas prevenção ainda é necessária

Igor Cruz


Um trabalho publicado na edição de março da revista Cadernos de Saúde Pública mostra que, para a incidência da peste não voltar a crescer no Ceará, é necessário intensificar a vigilância sanitária. Mais de 680 casos de peste em seres humanos foram registrados no Ceará de 1935 a 1951. A situação no estado começou a melhorar a partir da década de 70, devido às tecnologias e estratégias de intervenção adotadas. Prova disso é que, de 1987 a 2004, houve somente três ocorrências da doença. Esta é a conclusão de um estudo do qual participou a doutora em microbiologia Alzira Maria Paiva de Almeida, do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM), unidade da Fiocruz em Pernambuco.


 Quadro <EM>Triunfo da morte</EM> (1562), do pintor belga Peter Bruegel (1525-1569), retrata o horror que a peste negra causou na Europa 

Quadro Triunfo da morte (1562), do pintor belga Peter Bruegel (1525-1569), retrata o horror que a peste negra causou na Europa 


Doença infecciosa, a peste é causada pela bactéria Yersinia pestis e transmitida ao homem pela picada da pulga de roedores. Os primeiros sintomas surgem após dois a cinco dias, quando, em geral, ocorre inflamação dos gânglios linfáticos (peste bubônica). A doença pode evoluir para uma pneumonia, com transmissão de pessoa para pessoa, ou levar a uma septicemia. A letalidade é alta quando não há tratamento imediato. A peste foi introduzida em 1899 no Brasil pelo porto de Santos e posteriormente se disseminou para outras regiões litorâneas, chegando ao Ceará em 1900.


Os pesquisadores analisaram o período de 1935 a 2004, quando foram notificados no Ceará centenas de casos de peste em humanos. O período de tempo estudado foi dividido em quatro fases. A primeira, de 1935 a 1951, caracterizou-se por elevados índices da doença, com 162 óbitos, em decorrência da inexistência de recursos profiláticos e terapêuticos eficazes. Já na segunda, de 1952 a 1960, foram registrados apenas quatro casos e nenhum óbito, mas nem todas as ocorrências de peste chegavam ao conhecimento das autoridades.


Um aumento significativo foi registrado na terceira fase, de 1961 a 1986, com um total de 1.861 casos, sendo que 33 óbitos. Embora o número de ocorrências tenha sido elevado, a letalidade não foi tão alta quanto no período inicial. A quarta e última fase, de 1987 a 2004, voltou a apresentar baixíssimas incidências, devido à intensificação de métodos preventivos e vigilância.


O último caso de peste urbana ocorreu na década de 60, mas em algumas regiões interioranas ainda existem registros da doença, como ocorreu recentemente em Pedra Branca (CE). Para preveni-la, os métodos utilizados pelas autoridades sanitárias incluem a vigilância de sintomáticos ganglionares (pacientes com febre e ínguas dolorosas, principalmente na virilha), diagnóstico precoce, tratamento oportuno, notificação dos casos e educação sanitária.

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